A Manchester em chamas: empresariado, trabalhadores e ditadura (Joinville, 1964-1985).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Freire, Izaias de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/20338
Resumo: Este estudo enfoca as relações políticas e os movimentos sociais em Joinville (SC) durante a ditadura militar (1964-1985). A discussão envolve a análise de indícios de práticas e representações sociais recolhidos na imprensa diária, em periódicos fabris, em dossiês dos aparelhos de informação e repressão da ditadura, bem como em depoimentos orais de trabalhadores. A tese está construída na perspectiva de perceber as manifestações do autoritarismo em âmbito local, o que contou com a ação indispensável de políticos e empresários comprometidos com o regime. Por tratar-se de uma cidade com grande peso do setor industrial, sendo a maior economia de Santa Catarina a partir da década de 1960, o empresariado teve atuação central nas relações com a ditadura e na implementação de mecanismos coercitivos, influindo nas representações sociais então construídas sobre Joinville, a chamada “Manchester catarinense”. Tais mecanismos tiveram sua eficácia questionada em um episódio, em particular, ocorrido entre 1977 e 1978: uma série de incêndios de autoria desconhecida que mobilizou as estruturas autoritárias e repressivas do regime nas esferas nacionais e locais. As disputas políticas e sociais em torno das representações sociais atribuídas à “Manchester” foram parte estruturante do cenário de lutas sociais que se descortinava. Em contraponto ao empresariado e suas relações com a ditadura, outros personagens, sobretudo ligados ao mundo do trabalho fabril, passaram a ganhar consistência e voz em Joinville por meio da Pastoral Operária, Centro de Defesa de Direitos Humanos e lutas para encampar o sindicalismo sem a tutela dos patrões. Defende-se aqui, que na concretude das relações de trabalho em uma cidade como Joinville, as práticas autoritárias foram estruturantes como formas próprias de mediação social, arranjos políticos e eficácia econômica. Em âmbito local, o autoritarismo ganhou materialidade na forma não apenas de estruturas institucionais, mas em imposições repressivas que atravessaram o cotidiano de trabalhadores, impactando os caminhos a partir dos quais o processo de transição e democratização entre as décadas de 1970 e 1980 foi experimentado na cidade.