Isso (não) é música: possíveis lugares do compositor em um processo criativo multidisciplinar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Boscato, Arthur Zucchi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/17374
Resumo: Esta dissertação investiga, sob a perspectiva do compositor de música, diferentes abordagens de composição audiovisual a partir de disciplinas artísticas que trabalham na intersecção das imagens sonora e visual: a instalação sonora, o cinema, a videodança e a música-teatro. Partindo da análise das transformações da noção de autonomia da música operadas, sobretudo, após o advento das técnicas de gravação e reprodução mecânica, discute os deslocamentos das relações de tensão entre estética e política, exemplificados pelo debate entre Lukács e Adorno. Assumindo a deslegitimação das abordagens teóricas musicais do modernismo, baseadas na autorreferencialidade da música e em sua opacidade do ponto de vista externo, a pesquisa volta-se para a criação de objetos estéticos audiovisuais considerando que a imagem visual pode representar uma via de aproximação dos públicos a músicas de vanguarda e que com ela ampliam-se as camadas de discurso crítico. As análises das quatro obras produzidas partem das implicações estéticas surgidas das poéticas, disciplinas artísticas e elementos materiais que guiam os processos composicionais e alcançam temas transversais, propondo um caminho que perpassa tópicos diversos: em Balance., a ampliação da noção de instrumento musical ocorrida durante o século XX e sua confluência com a instalação sonora (sobretudo a partir de Schaeffer (1966) e Iazzetta (1998)) e o desenvolvimento de objetos artísticos com o auxílio do software Pure Data; em O Homem Subterrâneo, a noção de texto em Barthes (2004), a utilização de imagens preexistentes enquanto pré-textos na composição fílmica e paralelos entre os procedimentos composicionais do cinema e da música concreta, a partir de Schaeffer (2010); em Pendulum Phase, o minimalismo na música de Steve Reich e na dança de Anne Theresa de Keersmaeker, técnicas para execução de polirritmias complexas e a ideia de impureza em música (emprestada de Scarpetta por Dhomont (1990)) como forma de resistência e motor de invenção; em Quinteto para televisão e cordas, o acaso como elemento composicional. Provocado pela imaginação de John Cage, cuja obra reafirma uma concepção que assume que “a experiência com a música é total” (OLIVEIRA, 2015, p. 56), e não apenas auditiva, proponho que todos os objetos estéticos que comportam um “jogo criativo com o som” (BRANDT; GEBRIAN; SLEVC, 2012, p. 3, tradução nossa) são também música.