Palhaçaria humanitária: uma perspectiva decolonial sobre a experiência da ONG Palhaços Sem Fronteiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Jesus, Jennifer Jacomini de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.udesc.br/handle/UDESC/14920
Resumo: A presente tese, na intersecção entre as artes e a sociologia, investiga práticas artísticas que utilizam a palhaçaria como instrumento para uma vivência mais humanizada de populações afetadas por crises humanitárias, em situações de risco e contextos de vulnerabilidade social. Com a finalidade de compreender dinâmicas de funcionamento, procedimentos de ação, contradições e dilemas deste tipo de trabalho, foi realizado um estudo sobre a experiência da ONG Palhaços Sem Fronteiras, que há 27 anos promove auxílio humanitário, atuando emergencialmente em contextos de crise, para populações vulneráveis, afetadas por conflitos bélicos, miséria e catástrofes naturais. Essa instituição atua por meio de voluntariado, na tentativa de favorecer a resistência às adversidades das populações assistidas, realizando gratuitamente espetáculos artísticos cômicos e ministrando oficinas artísticas e/ou formativas. A pesquisa teve como foco as representações da entidade no Brasil e na Espanha e objetivou refletir criticamente sobre as ações realizadas por essa associação, desde uma perspectiva decolonial, ponderando sobre os impactos gerados nas comunidades em que intervém e indagando sobre a efetividade de tais atividades com vistas à transformação das realidades individuais e sociais. Indagou-se sobre como essas ações socioculturais podem agir contra uma ordem global neoliberal hegemônica, exploratória e violenta, no combate das desigualdades estruturais e situações de perversidade. A investigação pretendeu ainda, a partir do registro e reflexão sobre as experiências dos colaboradores da ONG, socializar conhecimentos empíricos e contribuir, deste modo, para a qualificação da atuação neste campo de trabalho. A pesquisa realizada foi de caráter qualitativo e utilizou como técnicas de coleta de dados entrevistas semiestruturadas, análise de fotografias, vídeos, documentos e observação participante. A análise se desenvolveu a partir de uma perspectiva hermenêutico-dialética que aglutina processos compreensivos e críticos, e considera a realidade em sua complexidade social e histórica. Os fenômenos foram interpretados em relação às conjunturas específicas de cada representação da entidade e considerou-se as aproximações e distanciamentos da própria pesquisadora e de suas posições em relação ao objeto de pesquisa. Como resultado da investigação, conclui-se que os efeitos das intervenções realizadas pela ONG Palhaços sem Fronteiras têm um caráter paliativo, com intervenções emergenciais pontuais e de curto prazo de duração. Nesse sentido, intui-se a importância da reflexão sobre as formas de ação e a necessidade de continuidade e acompanhamento dos projetos, com o propósito de promover a autonomia das comunidades atendidas, em uma relação mais direta entre a arte e a vida. Uma mudança nesse sentido poderia proporcionar o rompimento de uma lógica econômica de relações de disparidade em que existem doadores e beneficiários, contribuindo, assim, para mudanças mais profundas e perenes no tecido social em longo prazo.