Atividade antioxidante e anticonvulsivante de suco de uva bordô e seu efeito no comportamento de ratos wistar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Rodrigues, Adriana Dalpicolli
Orientador(a): Salvador, Mirian, Henriques, João Antonio Pêgas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ucs.br/handle/11338/669
Resumo: O suco de uva possui um importante papel econômico no Brasil, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, grande produtor de uvas e derivados. Atualmente, podem ser encontrados sucos de uva orgânicos, em que o uso de agrotóxicos e engenharia genética no cultivo da uva são proibidos, e sucos convencionais, elaborados com uvas que recebem uma série de agroquímicos. Uma diferença significativa observada entre os dois tipos de suco é o conteúdo de compostos fenólicos, que é maior no suco orgânico. Esses compostos podem apresentar importante atividade antioxidante, minimizando a incidência de diversas doenças relacionadas ao estresse oxidativo, como as neurodegenerativas, o câncer e a aterosclerose. A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns em todo o mundo e é caracterizada por crises convulsivas espontâneas e recorrentes. Essas crises podem aumentar o conteúdo de espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio, desequilibrando o metabolismo redox de pacientes epilépticos. Em vista disso, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antioxidante e anticonvulsivante de sucos de uva Bordô, orgânico e convencional, e seus efeitos no comportamento de ratos Wistar. Em adição, foi determinado o conteúdo de compostos fenólicos totais e compostos majoritários de cada suco. Para a realização do estudo, ratos Wistar machos (n=48) com 3 meses de idade pesando em torno de 250-300g foram divididos em 3 grupos e tratados, por gavagem, com solução salina, suco de uva orgânico ou convencional, durante 17 dias (tempo determinado de acordo com teste piloto). No 18° dia, as possíveis mudanças no comportamento (ansiedade, capacidade locomotora e exploratória) dos animais foram avaliadas pelo teste de Campo Aberto. A seguir, metade dos ratos de cada grupo recebeu uma dose única da droga convulsivante pentilenotetrazol (PTZ) e foram observados durante 30 minutos para avaliação das características convulsivas (tempo de latência para início da convulsão, tempo de convulsão tônico-clônica, tempo de convulsão total, número de convulsões e número de animais que chegaram ao nível cinco da escala de Racine, o tipo mais severo de crise convulsiva). Avaliou-se, ainda, a taxa de mortalidade em cada grupo. A seguir, os animais foram eutanasiados por decapitação e as estruturas cerebrais (córtex cerebral, cerebelo e hipocampo), fígado e sangue foram coletados para avaliação do metabolismo redox (danos oxidativos a lipídios e proteínas, conteúdo de óxido nítrico, atividade das enzimas superóxido dismutase e catalase e conteúdo de proteínas sulfidril). Os resultados mostraram que o tratamento com os sucos não alterou o comportamento dos ratos e não foi capaz de minimizar as convulsões induzidas por PTZ. Observou-se, no entanto, que o tratamento com suco convencional evitou a morte dos animais induzida por PTZ, enquanto que com o suco orgânico a mortalidade foi reduzida para 33%. Por outro lado, ambos os sucos evitaram os danos oxidativos a lipídios e proteínas, bem como o aumento no conteúdo de óxido nítrico no sistema nervoso central (SNC), fígado e soro dos ratos. Observou-se, ainda, que o tratamento com os sucos evitou a depleção de proteínas sulfidril em todos os tecidos estudados. O suco orgânico foi capaz de evitar, também, a depleção da atividade das enzimas antioxidantes superóxido dismutase e catalase em todos os tecidos. Já o suco convencional evitou a diminuição da atividade das enzimas antioxidantes induzida por PTZ apenas no fígado e soro dos ratos tratados. Observou-se, ainda, que o suco orgânico apresentou maior concentração de compostos fenólicos totais, catequina, epicatequina, antocianinas, procianidina B1 e resveratrol do que o suco convencional, fator que pode ter influenciado nos resultados obtidos neste trabalho. Portanto, os resultados obtidos neste estudo abrem portas para o desenvolvimento de novas estratégias terapêutica para o tratamento da epilepsia afim de aumentar a qualidade e a expectativa de vida de indivíduos portadores da doença, além de contribuir para o aumento do valor agregado do suco de uva, favorecendo a vitivinicultura nacional.