Círculos de cultura no Rio Grande do Sul : um movimento de alfabetização realizado a partir de Paulo Freire (1963-1964)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Dalsotto, Mariana Parise Brandalise
Orientador(a): Luchese, Terciane Ângela
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: https://repositorio.ucs.br/11338/10765
Resumo: A presente tese vinculada à linha de pesquisa História e Filosofia da Educação do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Caxias do Sul objetivou analisar o contexto histórico e a constituição dos círculos de cultura, no Rio Grande do Sul mediados pela presença de Paulo Freire (e a partir dela) entre os anos de 1963 e 1964. A metodologia utilizada foi a análise documental histórica de jornais como Correio do Povo, Jornal do Dia e Diário de Notícias, bem como da análise de entrevistas realizadas mobilizando a metodologia da História Oral. Por meio do apoio teórico da História da Educação e História Cultural, mobilizo conceitos como representação, mediadores culturais, intelectuais mediadores e alfabetização. As categorias construídas com a análise foram: (i) a mobilização (a qual expressei como sendo a organização e a realização do curso de formação de coordenadores de debates, realizado em Porto Alegre), (ii) a ação (a partir da qual observei as práticas dos círculos de cultura realizadas no Estado) e (iii) a interrupção e os silenciamentos ocorridos após o início do regime civil-militar). Realizei, inicialmente, um estudo teórico para (i) conhecer aspectos históricos da educação no Brasil e no Rio Grande do Sul nas décadas de 1950 e 1960, (ii) aprofundar tema central da tese por intermédio de autores que refletem sobre o tema, além do próprio Paulo Freire e (iii) estudar o referencial teórico-metodológico. Tendo percorrido esse caminho de pesquisa, a tese que defendo com essa narrativa é de que entre os anos de 1963 e início de 1964, no contexto de efervescência de movimentos sociais e de cultura popular voltados para a Educação, no Brasil e no Rio Grande do Sul, algumas pessoas desse Estado transitaram pelo país para conhecer e se apropriar dos círculos de cultura que estabeleciam a forma na qual se organizava o programa de alfabetização fundamentado e proposto por Paulo Freire, o qual passava a ser propagado em nível nacional. Na sequência, essas pessoas - professores, mas primordialmente estudantes universitários e secundaristas, aqui caracterizados como intelectuais mediadores - orientadas pela Secretaria de Educação e Cultura estadual, disseminaram os ideais freireanos para a alfabetização através de suas redes de sociabilidade, em Porto Alegre (capital) e em algumas outras cidades do interior, constituindo representações, ou seja, modos de colocá-los em prática. Essas novas representações foram transcritas na forma de divulgação e execução de formações para coordenadores de debates, inicialmente sediadas em Porto Alegre e com a presença pontual de Paulo Freire - mas também programadas em outras cidades do interior, a partir de intelectuais mediadores do Estado - bem como na forma de experiências-piloto realizadas, que confirmam a efetivação dos círculos de cultura no Rio Grande do Sul, antes do regime civil-militar. Quando este ocorreu, as representações acerca do programa de alfabetização mais difundidas passaram a ser as suas críticas, o que acabou gerando o seu silenciamento. [resumo fornecido pelo autor]