Extratos de Hylocereus Lemairei (Hook.)Britton & Rose : composição química, atividade antioxidante e efeitos biológicos em modelo de hiperglicemia in vitro

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Lodi, Karina Zanella
• Orientador(a): Branco, Cátia dos Santos
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: eng; por
• Palavras-chave em Português: Pitaya; Fenóis; Diabetes; Células endoteliais
• Palavras-chave em Inglês: Pitaya; Phenols; Diabetes; Endothelial cells
• Link de acesso: https://repositorio.ucs.br/11338/11545

A pitaya da polpa vermelha (Hylocereus lemairei (Hook.) Britton & Rose) é uma fruta exótica que está despertando cada vez mais a atenção da comunidade científica devido sua ação antioxidante e anti-inflamatória. Os antioxidantes contribuem para a manutenção do equilíbrio entre a produção de Espécies Reativas de Oxigênio (ERO) e a capacidade de defesa celular, prevenindo o desencadeamento do estresse oxidativo, o qual está associado com diversas doenças, incluindo o Diabetes Mellitus (DM). Essa é uma doença inflamatória e de curso crônico e sabe-se que, mesmo em pacientes medicados, o estresse oxidativo persiste, e pode colaborar para a progressão da doença (comorbidades). Esse projeto teve como objetivo produzir e caracterizar extratos de casca e polpa da pitaya vermelha (H. lemairei), investigando seus efeitos biológicos em células intestinais CACO-2 diferenciadas em enterócitos e em células endoteliais EA.hy926 expostas à alta concentração de glicose (35mM). A capacidade dos extratos de inibirem enzimas envolvidas no metabolismo de carboidratos (α-amilase e αglicosidase) e de lipídeos (lipase pancreática) foi também avaliada, e os resultados foram comparados a Ascarbose e Orlistat, respectivamente. A metformina, medicamento de primeira linha usado no tratamento farmacológico do DM tipo 2 (DM2), foi utilizada para fins de comparação. Os extratos de casca e polpa de pitaya exibiram atividade antioxidante superior à da vitamina C e do ácido clorogênico, dois reconhecidos antioxidantes. A atividade antioxidante do extrato da casca foi cerca de 2 x superior à da polpa. Ambos os extratos exibiram significativo conteúdo antocianínico e fenólico, sendo o ácido clorogênico (12.705 mg/100g para a casca e 8.352 mg/100g para a polpa) e o flavonoide naringina (12.010 mg/100g para a casca e 7.177 mg/100g para a polpa), os mais abundantes. Hesperidina, ácido ferúlico e catequinas foram encontradas apenas no extrato da casca. Os extratos exibiram um melhor desempenho frente a inibição da enzima α-glicosidase (> 60% inibição) quando comparados ao fármaco Ascarbose, além de uma inibição similar ao fármaco Orlistate frente à lipase pancreática (> 90% inibição), indicando uma ação direcionada ao intestino. Observou-se, ainda, uma discreta inibição na atividade da α-amilase (< 10% inibição) pelos extratos. Ambos foram eficazes na atenuação do estresse oxidativo (níveis de ERO), inflamação (ON) e redução da viabilidade (MTT) causada pela hiperglicemia, tanto em enterócitos,quanto em células endoteliais. Especificamente em células endoteliais observou-se alterações no potencial de membrana mitocondrial (ΔΨm), pH intracelular (pHi), apoptose e atividade mitocondrial (CI, CII e ATP sintase), bem como aumento nos níveis de lactato e lipoperoxidação. Paralelamente, níveis de expressão de COX-2, Nfk-β e NLRP3 foram aumentados no grupo hiperglicêmico. Além disso, enzimas antioxidantes (SOD e CAT) e conteúdo de proteína sulfidrila foram depletados. Ambos os extratos foram capazes de reverter estão alterações, todavia, seus efeitos quando comparados à metformina per se e quando utilizados em associação, foram mais expressivos. Dados de uma análise de componentes principais (PCA) indicaram que o extrato da casca exibiu melhor efeito frente aos distúrbios oxidativo-inflamatórios causados pela hiperglicemia em endotélio. Esses achados contribuirão para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas coadjuvantes no tratamento do DM2 e suas complicações. [resumo fornecido pelo autor]