Economia dos setores populares e inserção social pelo trabalho: a reprodução da vida para além da norma salarial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Kraychete Sobrinho, Gabriel lattes
Orientador(a): Ivo, Anete Brito Leal lattes
Banca de defesa: Ramalho, José Ricardo Garcia Pereira, Silva, Roberto Marinho Alves da, Lepikson, Maria de Fátima Pessôa, Borges, Ângela Maria de Carvalho
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica do Salvador
Programa de Pós-Graduação: Políticas Sociais e Cidadania
Departamento: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Job
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/524
Resumo: Esta tese realiza uma análise crítica da (des)conexão entre os fundamentos subjacentes às políticas de inserção social pelo trabalho – predominantemente pautados pela condição de mercadoria da força de trabalho e pelo emprego regular assalariado –, e a dinâmica efetiva dos agentes dos setores populares. Para formular essa crítica, a tese realiza uma caracterização teórica e prática da economia dos setores populares, de forma a explicitar a sua dinâmica peculiar. Este entendimento orientou a análise e o tratamento estatístico para o dimensionamento dessa economia, e a caracterização do perfil dos trabalhadores nela ocupados. O ponto inicial desse esforço analítico consiste na descrição de três situações-tipo, compostas com base nas práticas efetivas dos agentes, que ilustram cenas da vida e organização do trabalho que transpassam a representação do trabalho assalariado. A sua função analítica é colocar em evidência a realidade social que se quer compreender do ponto de vista teórico, a partir da qual se interpelam as fundamentações subjacentes às políticas de inserção social pelo trabalho. A tese apresenta uma visão histórica conceitual do processo de (des)mercantilização da força de trabalho no capitalismo – com a instituição de direitos sociais que se reportam à sociedade salarial –, e ao processo histórico singular em que ocorreu, no Brasil, e particularmente na Bahia, a incorporação dos trabalhadores na ordem capitalista, desvelando o caráter estrutural de uma economia popular urbana que antecede, se reproduz e se refaz com e para além da norma salarial. As partes que compõem os capítulos mobilizam um conjunto de argumentos num movimento analítico reflexivo, que contém um ir e vir entre a realidade social representada pelas situações-tipo, as formulações teóricas e as políticas de inserção. Conclui que as noções teóricas que orientam as políticas de inserção social pelo trabalho não captam o que há de singular na realidade social retratada pelas “situações-tipo”. Esta desconexão entre as categorias teóricas e a dinâmica real mantém na penumbra, como uma face oculta desse nosso capitalismo, o trabalho e a vida cotidiana de milhões de pessoas, compelindo-as, do ponto de vista analítico, às fimbrias das relações sociais, consagrando a disjunção entre trabalho e cidadania. Ao final, a tese retorna, metodológica e analiticamente, às cenas da vida, explicitando a dimensão política de uma abordagem conceitual da economia dos setores populares numa perspectiva transformadora de afirmação cidadã do trabalho.