Biomarcadores de transtornos neuropsiquiátricos no ciclo gravídico puerperal
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias da Saude Brasil UCPel Programa de Pos-Graduacao em Saude Comportamento |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/973 |
Resumo: | As múltiplas mudanças vivenciadas no período gestacional e pós-parto exigem adaptações e podem representar risco para o desenvolvimento de diversas psicopatologias para a mulher. A depressão em até 12 meses após o parto ocorre a uma taxa de 9 a 22% e se não for tratada, a depressão no periparto está associada a resultados negativos para as mães e os bebês. Estudos epidemiológicos sobre depressão pós-parto (DPP) sugerem uma multiplicidade de fatores de risco envolvidos na sua gênese, entre os quais estão as endocrinopatias. Vários estudos mostraram uma associação entre o estado positivo do anticorpo da tireoide e os distúrbios do humor com uma alta prevalência de anticorpos antiperoxidase tireoidiana (anti-TPO) entre pacientes com transtornos bipolares e unipolares. Entender o metabolismo tireoidiano materno e antecipar o surgimento da DPP permitiria definir um prognóstico, tratamento e atenuar as complicações. Ainda se estima que o risco de suicídio ao longo da vida em pessoas com depressão seja de 6 a 15%, sendo o risco de um homem sofrer da doença é de 11%, enquanto que o da mulher pode chegar a 18,6%. Intervenções têm surgido para prevenir o suicídio, mas o que dificulta a prevenção é justamente desconhecer as situações que influenciam o comportamento suicida. A glutationa reduzida (GSH) é um tripeptídeo com ação antioxidante, sendo uma molécula muito importante frente a insultos oxidativos. Evidências sugerem que o estresse oxidativo com metabolismo de GSH alterado está envolvido na fisiopatologia dos principais transtornos neuropsiquiátricos, incluindo o transtorno depressivo maior, o transtorno bipolar e a esquizofrenia. Desta forma, é possível que a GSH seja um neuromodulador endógeno do humor. Portanto, o objetivo geral da tese foi avaliar possíveis biomarcadores de transtornos neuropsiquiátricos no ciclo gravídico puerperal e mais especificadamente redefinir o papel das alterações tireoidianas e da glutationa na triagem dos transtornos mentais durante este período. O capítulo I compreendeu uma revisão de literatura do tipo sistemática para verificar se alterações no metabolismo da tireoide podem predizer risco para o desenvolvimento de DPP em gestantes e/ou puérperas. Foram selecionados 11 estudos, dos quais 4 reportaram a prevalência de DPP, 6 originaram-se de pesquisas observacionais de seguimento com estimativa da incidência do agravo e 1 tratou-se de pesquisa experimental. Já o capítulo II trata-se de um estudo do tipo transversal, aninhado a um estudo de coorte em gestantes, da qual foram selecionadas 45 mulheres aos 18 meses pós-parto e avaliou-se o risco de suicídio, e foi realizada a análise sérica da GSH. De acordo com o capítulo I, os resultados disponíveis justificam uma atenção aos agravos da saúde mental materna nos casos de alterações tireoidianas gestacionais. Mas, apesar de alguns autores considerarem o anti-TPO positivo um possível marcador de vulnerabilidade à depressão, ainda não se pode concluir quais são os mecanismos da função tireoidiana envolvidos DPP. Quanto ao capítulo II, observou-se correlação positiva dos níveis do GSH nas mulheres com risco de suicídio quando comparadas ao grupo de mulheres sem risco de suicídio (p=0,002), assim como, ocorreu correlação significativa do grupo de mulheres com risco moderado a alto de suicídio com o grupo de referência de mulheres sem risco de suicídio (p=0,009). Esses achados sugerem que a GSH possa ser um potencial biomarcador ou fator etiológico de mulheres com risco de suicídio. Através dos resultados desta tese redefinimos a implicação das alterações tireoidianas maternas e da GSH nos transtornos neuropsiquiátricos. Destaca-se com este trabalho a importância da inclusão da pesquisa de alterações tireoidianas maternas e dos níveis séricos da GSH na avaliação de rotina das mulheres em sofrimento emocional. |