ENTRE O FRACASSO E O ÊXITO: HETEROGENEIDADE E DIVISÃO EM DISCURSOS DE SUICIDAS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Santos, Larissa Costa Kurtz dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Letras
BR
Ucpel
Mestrado em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/142
Resumo: Este trabalho tem como principal objetivo a análise de cartas e bilhetes de suicídio a partir de pressupostos da análise de discurso de linha francesa (AD). Reconhecendo o caráter interdisciplinar da AD, baseamo-nos em conceitos de Michel Pêcheux, mas também de Jacques Lacan, da psicanálise, e Jacqueline Authier-Revuz, do campo da enunciação. Procuramos compreender de que maneiras o suicídio é discursivizado nessas mensagens e que elementos da ordem do interdiscurso determinam o dizer dos suicidas. Foram observados dois grandes movimentos discursivos, que denominamos discurso do êxito e discurso do fracasso, no interior dos quais a FD cristã ou tradicional quase sempre se apresentava como principal influência. Esses discursos por vezes figuravam juntos dentro de uma mesma sequência discursiva, demonstrando a ambivalência do sujeito. Contudo, mesmo nas mensagens que revelavam apenas uma dessas tendências, foi possível identificar pistas da heterogeneidade que constitui todo dizer. Essas não-coincidências apresentaram-se principalmente na forma de negações, operadores concessivos, aspas, alusões, ironia, modalizações, indicando o atravessamento de discursos outros no dizer dos suicidas. No espaço da contradição e do equívoco, o sujeito revelou-se determinado pela ideologia e pelo inconsciente, mas não plenamente assujeitado, por ser capaz de romper com o mesmo através da polissemia. Revelou-se, por fim, um sujeito estruturalmente dividido, que está longe de ser fonte intencional de uma palavra homogênea, conscientemente empregada como instrumento de comunicação. Trata-se, antes, de um ser-em-falta, sempre desejante e incapaz de controlar seu dizer, visto que ele próprio não passa de um efeito de linguagem