Um cotidiano ritualizado : a temporalidade militar em perspectiva etnográfica
Ano de defesa: | 2008 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Carlos
Câmpus São Carlos |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Palavras-chave em Inglês: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/7050 |
Resumo: | Esta dissertação pensa a temporalidade entre os militares por meio de uma perspectiva etnográfica. Os trabalhos pioneiros de antropólogos com militares no Brasil buscaram na perspectiva etnográfica o entendimento dos militares e escaparam da perspectiva dominante desse tema até então, que era a relação das instituições militares com a política. Esse olhar “de dentro” mostrou outras perspectivas da sociabilidade militar, como uma visão própria dos militares enquanto grupo distinto do resto dos cidadãos, portadores de um conjunto características inerentes e exclusivas, bem como uma cosmologia em que a hierarquia opera como classificador lógico de todas as relações. Esses trabalhos levantaram sugestões que procuro explorar aqui, sobretudo com relação à temporalidade militar e sua interseção com debate antropológico dos rituais. Dentro da produção teórica da antropologia, a temática do ritual constitui-se como um campo polifônico, produzindo uma série de debates e concepções distintas entre si mas sempre associadas com as oposições também clássicas e fundantes do pensamento antropológico (indivíduo/sociedade, empirismo/racionalismo). No cotejamento desses dois campos, inicialmente se observou uma série de dados que levavam a pensar que a temporalidade militar era vivida e pensada num esquema de entendimento em que o tempo e as ações não poderiam simplesmente ser classificados pela dicotomia que opõe os momentos rituais e uma rotina que seria menos prescrita. A observação de noticiários militares, dos manuais, regulamentos e boletins indicavam que todos os momentos da vida militar eram marcados por uma série de prescrições, como códigos de conduta a respeito da aparência física, posturas corporais, uniformes, comportamento interno e externo ao quartel, assim como para as mais variadas situações pelas quais um militar possa passar. Os militares também têm uma série complexa de comemorações e eventos regulamentares em que as indicações da etiqueta, do protocolo e do cerimonial dão a forma de como as coisas devem ocorrer. A ideia de que esses dois campos, o do regulamento da vida comum e o da padronização dos eventos, não podiam ser tratados como campos opostos guiou a busca de dados da sociabilidade entre militares que tornasse palpável a observação dessa temporalidade específica, pouco dicotômica, que até então era um apontamento. Os resultados desse trabalho estão aqui apresentados. No capitulo inicial apresento os antecedentes que levaram ao problema dessa pesquisa, apresentando as etnografias com militares e o debate antropológico dos rituais, e ainda no final desse capítulo, inicio a descrição de minha (difícil) inserção no campo. No segundo capítulo apresento uma análise das comemorações e eventos militares e no terceiro o conjunto de prescrições que ordenam a formação e a conduta diária da vida do militar nos diversos aspectos. Finalmente, retomo a discussão a respeito dos rituais à luz da temporalidade militar e de sua solução de continuidade ou suavização para a clássica oposição entre ritual e cotidiano. |