Fatores de sono e trabalho associados à necessidade de recuperação após o trabalho entre pilotos da Aviação Civil Brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Alves, Francisco Paulo de Andrade lattes
Orientador(a): Marqueze, Elaine Cristina lattes
Banca de defesa: Marqueze, Elaine Cristina, Barros, Claudia Renata dos Santos, Costa, Aline da Silva
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica de Santos
Programa de Pós-Graduação: Mestrado em Saúde Coletiva
Departamento: Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://tede.unisantos.br/handle/tede/7003
Resumo: Introdução: O trabalho do piloto de avião é realizado em horários irregulares, afetando diretamente seu sono e, consequentemente, seu trabalho. A recuperação após o trabalho é importante para o bom desempenho do piloto. Objetivo: Avaliar os fatores de sono e trabalho associados à maior necessidade de recuperação após o trabalho entre pilotos da aviação civil brasileira. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico com delineamento transversal, numa população de 2.530 pilotos da aviação comercial que faziam voos de rotas nacionais e internacionais, cadastrados na Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil (ABRAPAC). Dentre aqueles que aderiram à pesquisa, 1.234 pilotos constituíram a amostra após os critérios de exclusão. Utilizou-se um questionário online para realização da coleta, incluindo dados sociodemográficos, de saúde, de estilo de vida e trabalho. A descrição da amostra foi realizada através de frequências absolutas e relativas. Para comparação entre os grupos utilizou-se os testes de hipóteses Qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher. Posteriormente foi realizada a regressão de Poisson com variância robusta para estimar a razão de prevalência dos fatores associados à maior necessidade de recuperação após o trabalho, sendo esta a variável dependente; as variáveis independentes foram relacionadas ao sono e ao trabalho, e as variáveis de ajuste foram: idade, sexo, crianças menores de 12 anos em casa, risco alto para apneia do sono. O nível de significância adotado em todos os testes foi de 5% e as análises estatísticas foram realizadas no Stata 12.0. Resultados: A maioria dos participantes era do sexo masculino (97,1%), possuía companheiro(a) (84,3%) e não possuía crianças menores de 12 anos em sua residência (61,3%) e tendo idade média de 39,1 anos (DP=9,8 anos). A maioria dos pilotos apresentou uma grande necessidade de recuperação após o trabalho (58,2%). Os fatores associados à maior necessidade de recuperação após o trabalho no modelo múltiplo foram a não percepção de sono suficiente (RP 1,12, IC 95% 1,01-1,25), percepção de qualidade regular do sono (RP 1,23 IC 95% 1,09-1,38), apresentar um ou mais sintomas de insônia (RP 1,48, IC 95% 1,30-1,68), ser piloto e copiloto internacional (RP 1,52, IC 95% 1,25-1,85 e RP 1,39, IC 95% 1,14-1,69), trabalhar sete ou mais noites consecutivas (RP 1,48, IC 95% 1,03-2,12), folgar menos de dez dias por mês (RP 1,13 IC 95% 1,01-1,26), ter frequentes atrasos operacionais (RP 1,70, IC 95% 1,07-1,28), e ter uma capacidade moderada ou baixa para o trabalho (RP 1,13, IC 95% 1,03-1,24). Conclusão: Os pilotos da aviação civil brasileira apresentam uma grande necessidade de recuperação após o trabalho, em que os aspectos organizacionais, tais como longas jornadas de trabalho, poucos dias de folga e função foram inter-relacionados a problemas do sono e contribuíram fortemente para essa elevada prevalência de sintomas de fadiga.