A (in)visibilidade da violência de gênero na literatura negrobrasileira a partir da escrevivência de Carolina de Jesus e Conceição Evaristo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Mourão, Rosália Maria Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Escola de Direito
Brasil
PUCRS
Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/10660
Resumo: A presente tese tem por objetivo analisar a (In)visibilidade da violência de gênero na literatura negro-brasileira a partir da escrevivência de “Quarto de despejo”, de Carolina de Jesus e “Becos da Memória”, de Conceição Evaristo relacionando-a com a interseccionalidade de gênero, raça e classe. A pesquisa adequa-se a linha de pesquisa Violência, Crime e Segurança Pública por realizar um estudo interdisciplinar da violência de gênero a partir da Literatura. A natureza da pesquisa é de natureza qualitativa, caracterizada como análise crítica precedida de revisão bibliográfica, estruturando-se a partir da escrevivência das autoras a partir da abordagem interseccional de gênero, raça e classe. Os conceitos dos diversos tipos de violência, de gênero, sororidade e dororidade são explicitados para auxiliar na análise das obras. Na literatura canônica a participação feminina é mínima, a predominância é de homens brancos como: Jorge Amado, Lev Tolstói e Shakespeare que discutem a violência de gênero sob o viés de que a vítima tem culpa pela violência que sofre seja ela física, patrimonial, sexual ou psicológica. Em contrapartida, as autoras negras Carolina de Jesus e Conceição Evaristo através de sua escrevivência relatam experiências como moradores da favela em que a violência é interseccional, pois o gênero, a raça e a classe interferem na violação aos direitos humanos das mulheres negras. Estas sofrem a discriminação por serem mulheres, sejam como autoras da literatura brasileira, que não conseguem fazer parte do cânone literário, seja as personagens femininas de suas obras que tem seus direitos fundamentais violados. Mulheres negras sofrem racismo e seus corpos são expostos como se fossem mercadorias a serem expostas aos olhares ávidos dos homens que a querem consumir, como os antigos senhores faziam na época da escravidão. Além da questão sexual, as mulheres negras trabalham em empregos mal remunerados, que as colocam numa situação de subalternidade perante a branquitude como podemos perceber nas obras. A discriminação de classe dá-se com a exposição do favelada ou ex-favelada quando apresentam a escritora Carolina de Jesus.