Exportação concluída — 

Ensaios para além da representação : palavras e rostos de pessoas analfabetas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Gomes, Vanise dos Santos lattes
Orientador(a): Engers, Maria Emília Amaral lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educaç
País: BR
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/3808
Resumo: A presente tese consiste no estudo junto a seis sujeitos analfabetos moradores do município de São José do Norte/RS e busca uma compreensão de tais sujeitos para além das representações sociais que os qualificam como inferiores. O estudo é caracterizado como qualitativo de cunho etnográfico com elementos, também, da auto-etnografia e utiliza-se da Análise Textual como metodologia de análise dos dados coletados. Tais dados constituem-se, principalmente, de observações registradas em diário de campo, dispondo-se, ainda, de entrevistas realizadas com os participantes da investigação. Inspirada em autores cujos estudos direcionam-se para a representação, identidade, alteridade e exclusão social, busco argumentar que o encontro com a alteridade é um caminho possível de ser construído a partir do acolhimento do outro, indo além de todas as representações que o definem como analfabeto e de tudo o que é, sobre o termo, suposto. Neste contexto, autores como Emmanuel Levinas, Etelvina Nunes, Carlos Skliar, entre outros, contribuem para analisar as ações e falas dos sujeitos da investigação, de modo a aproximar-me da compreensão de sua alteridade. Enfatizo que o acolhimento do outro analfabeto pressupõe uma abertura às palavras que são proferidas a partir dele próprio por meio de um processo de constante apresentação de seu ser. Não desprezo a importância do estudo sobre a constituição social de identidades e sua relação com as formas como somos representados socialmente e representamos a nós mesmos, mas argumento no sentido de mostrar que tal estudo não dá conta, sozinho, da compreensão dos sujeitos humanos. É preciso ir além, em um movimento de acolhida destes sujeitos a partir deles próprios. Dos dados analisados, emergiram as constatações de que os sujeitos investigados dizem-se para além dos modos como têm sido representados socialmente, no momento em que falam a respeito de aspectos de particulares de seu ser, desejos, perspectivas e histórias de vida. Deste modo, contam-se com palavras originais, muitas vezes desconsideradas em discursos que os pretendem representar como sujeitos incultos, inferiores e incapazes de pensar criticamente a respeito de si e do meio social em que vivem. Mesmo assim, mostro que tais discursos também estão presentes em suas falas e que influenciam na forma como pensam a si.