Canto do maracatu- nação: voz,corpo e subjetividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lima, Lillian Gattelli lattes
Orientador(a): Andrada e Silva, Marta Assumpção de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia
Departamento: Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/23819
Resumo: Introdução: conhecido principalmente por seus instrumentos percussivos, pela dança e por seu canto, o maracatu é uma manifestação popular com características que diferenciam de outros cantos populares. Com uma voz forte, imponente e um modo de expressão único, o canto do maracatu- nação desperta interesse para investigar essas particularidades na perspectiva de compreender como a voz cantada se insere nesse contexto. Objetivo: descrever a relação entre voz, corpo e subjetividade a partir do relato de mestre/cantores de maracatu- nação. Método: trata-se de um estudo de casos múltiplos, aprovado pelo comitê de ética da universidade. A amostra intencional foi composta por sujeitos mestre/cantores de três diferentes grupos de maracatu: um da cidade do Recife-PE (S1), um de São Paulo-SP (S2) e o outro de Porto Alegre-RS (S3). O instrumento utilizado como roteiro de perguntas semiestruturadas para a entrevista audiogravada foi elaborado pela pesquisadora e orientadora a partir de suas experiências e da literatura. Esse foi dividido em quatro partes: identificação do sujeito, sua história com o maracatu, características do seu grupo de maracatu e a quarta parte investiga o canto do maracatu. Resultados: foi possível verificar que os três sujeitos tem idades próximas, formações acadêmicas distintas e S1 é o sujeito com mais tempo de maracatu. S1 é de uma nação tradicional de maracatu do Recife, os outros dois (S2 e S3) são de grupos percussivos de maracatu. Em relação a caracterização do grupo de maracatu, o com maior número de integrantes foi o de S1, por se tratar de uma nação de maracatu é formado por alas de dança e de percussão, representando personagens de uma corte. Diferentemente dos grupos percussivos de S2 e S3 que possuem apenas elementos nas alas de percussão e de dança. Nos três grupos o canto é responsorial. Os três grupos são formados por homens e mulheres, nos grupos de S2 e S3 com predomínio de mulheres. Apenas no grupo de S1 existe ritual religioso antes e depois da apresentação. Com base na voz, no corpo e na subjetividade foram selecionadas 11 perguntas. Observou-se que para S1, o único mestre de maracatu, o canto e a movimentação corporal são manifestações únicas e decorrentes de um ritual religioso, com uma movimentação corporal mágica e sagrada e canto. Para S2 e S3 a movimentação é rítmica e tem relação com a emoção do momento. Para eles o canto é também intuitivo, mas está sujeito ao registro vocal de cada cantor e a memória do corpo em relação a tonalidade. S1 nasceu e cresceu dentro do maracatu, S2 e S3 conheceram o maracatu a partir de experiências em escolas e oficinas. Considerações finais: os relatos dos sujeitos entrevistados evidenciaram a diferença de um mestre de uma nação de maracatu para um cantor de grupo percussivo de maracatu. Quando um nasce dentro de uma comunidade de uma nação de maracatu, isso lhe revela um lugar de fala e de vivência a partir deste contexto. No primeiro caso a voz, o canto e o corpo são manifestações naturais, intuitivas, religiosas, ritualistas e sagradas, uma forma de resistência. No caso dos grupos percussivos de maracatu a voz é uma produção artística com particularidades, como intensidade, tonalidade, como uma dança que acompanha para um posicionamento social e político