[pt] NARRATIVAS DE DESLOCAMENTO DE ESTUDANTES DE INTERCÂMBIO NO INTERIOR DE MINAS GERAIS: CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS DE ENTRE-LUGAR SOCIOCULTURAL

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: FERNANDA HENRIQUES DIAS
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=20627&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=20627&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.20627
Resumo: [pt] A pesquisa tem como foco a análise de narrativas de deslocamento de estudantes que participam de um programa de intercâmbio internacional, em cidades mineiras de pequeno ou médio porte. O programa traz para o Brasil estudantes de ensino médio, de diferentes nacionalidades, e envia jovens brasileiros para outros países, com o objetivo de conviverem com pessoas de outra cultura pelo período de um ano. Os objetivos do presente estudo consistem em mostrar: i) a natureza das narrativas co-construídas nas entrevistas de pesquisa, com contagem e recontagem de experiências coletivas e individuais nos processos de deslocamentos; ii) as construções identitárias do eu e do outro, em posicionamentos junto às famílias, à escola, ao aprendizado da língua portuguesa, especialmente nos entre-lugares culturais, envolvendo a decisão de participar do intercâmbio, a viagem e a chegada; a convivência e a comunicação cotidiana com brasileiros nas cidades de residência e viagens pelo Brasil; o retorno aos seus países e a recepção por familiares e amigos. A abordagem teórica busca articular narrativas de deslocamento, no âmbito da Teoria da Narrativa, com os entrelugares socioculturais. Narrativas de deslocamento envolvem orientação em mundos sociais, práticas de deslocamento e de espacialização, e deslocamentos institucionais; são articuladas na ordem da interação, junto a grandes e pequenas narrativas. Os entre-lugares culturais marcam limites entre nós e eles, e novas formas de sociabilidade e fluidez nas relações sociais. A natureza metodológica da pesquisa é de ordem qualitativa e interpretativa. Foram feitas entrevistas de base etnometodológica e sociolingüística, em grupo e individuais; face-a-face e mediadas por computador com digitação e recurso de voz; em processo longitudinal; com seis intercambistas - dois norte-americanos, um dinamarquês, duas belgas e um mexicano - que viveram em Minas Gerais, entre 2007 e 2008. Os dados construídos são complexos, já que as entrevistas envolveram alternância de código, com uso do inglês, emprego de duas línguas – inglês/português, espanhol/português –, e utilização do português. A transcrição buscou dar conta das alternâncias. Na análise dos dados, destacam-se as relações entre pequenas e grandes narrativas, co-construídas em entrevistas de grupo e individuais, nos processos de deslocamentos. Os posicionamentos construídos nas entrevistas de grupo são retomados pela pesquisadora-entrevistadora nas entrevistas individuais, como forma de explorar pontos anteriores e provocar avaliações dos participantes. Os estudantes posicionam-se, inicialmente, como membros estabelecidos em suas culturas e outsiders em relação ao Brasil, e apresentam estereótipos negativos. No decorrer do intercâmbio, há um posicionamento de entre-lugar cultural, indicador de adaptação à vida e cultura brasileiras. Os estereótipos, embora mantidos, não são feitos no binômio superior-inferior, mas em relação de igualdade, com mudança na percepção social. O aqui e o lá, construídos nas narrativas, demonstram a oposição entre estabelecidos e outsiders, em relação à convivência com as famílias, à participação na escola, às práticas cotidianas, com dificuldades em estabelecer laços de amizade e comunicação em português. Indaga-se em que medida os participantes atingem o objetivo do programa do intercâmbio cultural de convivência e aprendizado de uma outra cultura.