[pt] O ENSINO DE ESTUDOS SOCIAIS NO BRASIL: DAS CONNEXÕES NATURAES À INTEGRAÇÃO PELA VIA DO AUTORITARISMO (1930-1970)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: THIAGO RODRIGUES NASCIMENTO
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=45366&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=45366&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.45366
Resumo: [pt] Esta tese se insere no conjunto de pesquisas que têm como temática principal a constituição histórica das disciplinas escolares. O seu objeto é a configuração do ensino de Estudos Sociais no Brasil, entre as décadas de 1930 e 1970, considerando dois contextos principais em que este foi discutido e ou implantado. São privilegiadas as perspectivas defendidas por Carlos Miguel Delgado de Carvalho, entre as décadas de 1930 e 1960, e por Raimundo Valnir Cavalcante Chagas, um dos formuladores da política educacional dos anos da ditadura militar (1964-1985). Tencionamos compreender as continuidades e rupturas entre essas duas vertentes. A proposta se justifica pelo predomínio de trabalhos que analisam os Estudos Sociais isoladamente ou como criação de determinado período histórico – sobretudo, durante a ditadura militar – sem uma preocupação em considerar os diferentes momentos pelos quais passou essa disciplina escolar. Os Estudos Sociais foram introduzidos no Brasil nos anos de 1930 a partir de sua inclusão como matéria de ensino na Escola de Professores do Instituto de Educação do Distrito Federal e da publicação do Programa de Ciências Sociais (1934) pelo Instituto de Pesquisas Educacionais, dirigido por Delgado de Carvalho. Ambas as ações se inspiram no movimento escolanovista, na educação progressiva estadunidense, principalmente na filosofia educacional de John Dewey, e foram desenvolvidas sob a liderança de Anísio Teixeira à frente do Departamento de Educação do Distrito Federal. Nas décadas seguintes, diferentes experiências de ensino de Estudos Sociais se concretizaram, como as dos Ginásios Vocacionais e a indicação do Conselho Federal de Educação, de que fosse uma disciplina optativa a partir de 1962. Em 1971, no processo de reforma de ensino de primeiro e segundo graus, pelas mãos do conselheiro Valnir Chagas, operou-se uma mudança radical, pois de proposta indicativa e experimental passou a disciplina obrigatória, substituindo História e Geografia no primeiro grau. Assim, esta tese concentra-se em compreender: por quais continuidades e rupturas passou a disciplina de Estudos Sociais em sua implantação e manutenção na educação brasileira A hipótese é a de que, apesar das distintas interpretações, a apropriação feita a partir da perspectiva estadunidense influenciou ambos os educadores, mudando seus contextos e intenções. Dialoga-se com os referenciais teóricos da história das disciplinas escolares e história do ensino de História. Trata-se de uma pesquisa histórico-documental, cujas principais fontes são artigos, livros e pareceres escritos por Delgado de Carvalho e Valnir Chagas. A metodologia adotada é a análise de texto, que propõe compreender a obra dos autores em relação ao seu contexto histórico, educacional, político e social, bem como os paradigmas intelectuais que os guiaram (Ciro Cardoso e Ronaldo Vainfas). A análise documental indica que até a década de 1960 a função de cada uma das disciplinas escolares, sobretudo, História e Geografia, era importante na definição dos Estudos Sociais, algo que deixou de ocorrer a partir das reformas da ditadura militar. Naquele momento, os Estudos Sociais tornaram-se simples fusão de disciplinas e reunião de conteúdos histórico-geográficos sob uma mesma disciplina. As suas intenções também foram modificadas: da formação do aluno crítico e cidadão passou-se à formação do aluno como fator de segurança e estabilidade para si, para a sociedade e para o Estado.