[pt] A PERFORMANCE DE PESSOAS COM AFASIA NA CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS EM INTERAÇÕES FACE A FACE EM GRUPO
Ano de defesa: | 2013 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
MAXWELL
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=21848&idi=1 https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=21848&idi=2 http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.21848 |
Resumo: | [pt] Inserida no quadro teórico-metodológico da Análise de Narrativa (cf. Riessman, 1993, 2008), esta pesquisa de natureza qualitativa e interpretativista tem o objetivo de investigar a performance de pessoas com afasia na construção de histórias de AVC, buscando compreender como se dá a construção colaborativa da narrativa e como as narradoras se constroem discursivamente, constroem o outro e as realidades que as cercam, diante (através) dos episódios de AVC por elas narrados. O alinhamento à concepção de linguagem como um sistema simbólico social e culturalmente construído (cf. Schiffrin, 1994), bem como a interface entre estudos de narrativa canônicos (cf. Labov e Waletzky, 1967; Labov, 1982) e interacionais (Sacks, [1968] 1992; Jefferson, 1978; Norrick, 2007; Garcez, 2001), no entendimento da narrativa como uma construção social, cultural e interacional, constituem o pano de fundo das análises empreendidas. Juntamente compondo o alicerce desta pesquisa, sobressaem estudos sobre performance e indentidade, orientando o entendimento de que narrar não se restringe a organizar eventos passados em uma ordem temporal e causal, mas, sobretudo, implica em construções identitárias e de relações com o outro (cf. Bruner, 1990; Bastos, 1999, 2004, 2005, 2008). Subsidiadas pelos referidos arcabouços teóricos e metodológicos, contando com o instrumental analítico do estudo de Ochs e Capps (2001) e com aproximadamente 15 horas de gravações em vídeo de interações face a face entre pessoas com e se afasia em grupo focal, das quais foram extraídas três narrativas de AVC para análise, nas investigações realizadas, foi possível observar: i) o engajamento ativo das narradoras afásicas no trabalho interacional de encaixe da narrativa na atividade discursiva circundante, bem como a colaboração substancial e indispensável da co-narradora não afásica nesse encaixe; ii) o turno a turno da estruturação das narrativas como um empreendimento inter-acional; iii) as ações das co-narradoras dando corpo à narrativa e possibilitando a manutenção da intersubjetividade da interação em curso; iv) a estruturação das histórias como narrativas que atendem aos requisitos de ordenação temporal e causal; v) a relevância do trabalho colaborativo na formatação da linearidade das narrativas; vi) a expertise altamente performática das narradoras afásicas na seleção de recursos utilizados na construção da historiabilidade; e vii) os modos distintos que as três narradoras elegeram para se construírem, construírem o outro e a realidade, diante dos episódios de AVC por elas narrados. Os resultados desta pesquisa iluminam que o encaixe da narrativa na atividade circundante, o envolvimento de múltiplos narradores na narração, a linearidade das histórias, a historiabilidade e a emergência de diferentes posturas morais consistem em negociações delegadas aos participantes da interação (narradores primários e co-narradores), ao invés de serem imposições a priori do contexto local (discursivo) e sociocultural, o que ressalta a tese de que narrativas são construções do aqui e agora da interação. Ademais, o fato de as narradoras apresentarem afasia coloca ainda mais em evidência o caráter inter-acional e colaborativo da narração, dada a frequente penetração das ações do outro no curso da construção da narrativa. |