Enfrentamento da pandemia Covid-19: perspectivas de enfermeiros da unidade de terapia intensiva e gestores de um hospital de campanha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Sena, Lélia de Fátima Bruno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Escola de Ciências Médicas e da Vida
Brasil
PUC Goiás
Programa de Pós-Graduação STRICTO SENSU em Atenção à Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/5008
Resumo: Trata-se de um estudo descritivo e interpretativo, desenvolvido em um hospital de campanha da região metropolitana de Goiânia, Goiás, com o objetivo de compreender a vivência dos enfermeiros da unidade de terapia intensiva e gestores durante o enfrentamento da pandemia COVID-19. Participaram 16 profissionais da saúde: oito enfermeiros assistenciais e oito gestores, sendo cinco enfermeiros, um assistente social, um biomédico e um médico, com idades entre 26 e 47 anos. A maioria era do sexo feminino (14; 87,5%), possuía título de especialista em terapia intensiva (13; 81%) e experiência profissional superior a cinco anos (14; 87,5%). Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas em profundidade mediadas pelo sistema de videoconferência Zoom Meetings. Por meio da análise temática interpretativa foram identificados cinco temas: Trabalhar com o desconhecido - incerteza, despreparo e medo"; Lidar com a morte - "horas muito marcantes"; Sobrecarga de trabalho - "situação de guerra"; Gestão do hospital de campanha - "um desafio a cada dia"; e Estar na linha de frente: "não tem preço". Tanto os enfermeiros da UTI quanto os gestores revelaram que o enfrentamento da COVID-19 trouxe sentimentos de incerteza, medo e insegurança diante do despreparo para oferecer este cuidado. A pandemia marcou fortemente a equipe, sobretudo pela necessidade de lidar com uma doença até então desconhecida, "não saber como tratar" e "não ter protocolo e medicamentos com evidência comprovada" para o tratamento e manejo da doença. Apesar de estarem habituados a lidar com a morte, os participantes declararam-se despreparados para enfrentar o grande volume de mortes por COVID-19 e descreveram este momento como muito triste e causador de grande sofrimento, angústia, desespero e problemas psicológicos. Relataram o quão desafiador e exaustivo é o enfrentamento da pandemia, uma vez que trabalharam bem mais que o normal, tendo como consequência o estresse, o desânimo e a desmotivação da equipe. Segundo eles, houve um aumento exponencial da carga de trabalho, como em uma situação de guerra. Os gestores descreveram os desafios estruturais, organizacionais e a necessidade de implementação de estratégias para lidar com o estresse e sofrimento emocional das equipes, além do gerenciamento de conflitos profissionais diante do medo e da insegurança da equipe nesse processo. Todos referiram que estar na linha de frente da pandemia COVID-19 representou uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional. Mesmo diante das dificuldades mencionadas, destacaram o fortalecimento e a valorização do trabalho em equipe, ressaltando a importância de todos, e que a experiência vivenciada fortaleceu a empatia, compaixão e humanização e o reconhecimento da necessidade do outro, assim como a valorização do trabalho em equipe, horizontalidade e importância dos diversos papéis. Os resultados demonstraram a necessidade de que as organizações de saúde, profissionais e lideranças redefinam e fortaleçam as estruturas organizacionais para o enfrentamento e gerenciamento de crises, com estratégias que favoreçam a formação continuada dos profissionais para lidar com situações de catástrofe como a vivenciada no período inicial da pandemia