O retorno dos jesuítas ao Brasil: o caso ituano entre 1856-1918

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Lourenço, Lais da Silva
Orientador(a): Silva, Ana Rosa Cloclet da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16308
Resumo: A presente pesquisa busca analisar a trajetória dos clérigos jesuítas instalados em Itú, desde o retorno da Ordem, em 1856, até 1918, quando transferem-se para São Paulo. Antes um dos principais redutos da formação regalista de clérigos – como de Diogo Antonio Feijó –, Itú tornou-se um dos locais de fixação dos jesuítas no momento do retorno da Ordem ao Brasil. Tal fenômeno se insere no contexto das reformas ultramontanas, iniciadas em 1844, cujas principais diretrizes eram: a normatização da formação clerical, a afirmação da infalibilidade papal e a subordinação da Igreja a Roma. Tais reformas foram realizadas através da ação de diversos atores, não podendo dispensar a participação de leigos – presentes nas irmandades – e das Ordens Religiosas, as quais instauraram-se no Brasil a partir da segunda metade do século XIX. Dentre estas, os jesuítas exerceram papel marcante no sul do Brasil e na então Vila de Itú, local que se tornara palco da atuação ultramontana. Tomando como pano de fundo o momento em que se verificava uma transição em relação à orientação do modelo de Igreja Católica proposto, bem como de seu relacionamento com o Estado - processo denominado pela historiografia como “romanização” -, a presente pesquisa buscará compreender quais as estratégias de atuação adotadas pelos clérigos jesuítas instalados em Itú, dentre as quais a imprensa e a educação demonstraram-se fundamentais. Através da análise do discurso religioso proposta por Orlandi (1983), buscou-se compreender as articulações entre os princípios fundamentais da Ordem, as orientações provindas de Roma (os ditames do Papa Pio IX, a partir da encíclica Quanta Cura de 8 de dezembro de 1864, seguida pelo Syllabus errorum) e as contingências locais da sociedade ituana. Visa, ainda, observar a dinâmica conflitiva entre os representantes da Ordem e as instâncias do poder local e provincial, compreendendo que sua ação não se restringiu ao campo religioso, já que também fora determinada pelas profundas e complexas relações entre este campo e o político, conforme alerta Pierre Bourdieu. Da mesma forma, visa compreender como o aspecto doutrinário, baseado na tradição da Ordem, fora moldado e influenciado pelos novos ideiais em voga representativos da modernidade ocidental, tais como o progresso, a ciência e a educação. Dessa forma, a presente pesquisa busca colaborar na compreensão dos rumos assumidos pelas reformas ultramontanas ocorridas no Brasil durante o século XIX, bem como na problematização de interpretações consagradas pela historiografia sobre o processo de “romanização”.