Resiliência na epilepsia e sua relação com fatores sociodemográficos, características clínicas e percepção da vida.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Limongi Junior, José Mário
Orientador(a): Tedrus, Gloria Maria de Almeida Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16335
Resumo: Introdução: Epilepsia é uma condição neurológica crônica caracterizada por crises epilépticas (CE) recorrentes, causada pela atividade neuronal excessiva no cérebro, usualmente autolimitada. Vários estudos descrevem comprometimento da qualidade de vida na epilepsia associado a diferentes aspectos clínicos e psicossociais. Entretanto, ainda é pouco estudada em pacientes adultos com epilepsia (PCE) a capacidade de lidar com eventos adversos e se há relação entre resiliência e aspectos da epilepsia. Objetivo: Avaliar a resiliência e sua relação com aspectos sociodemográficos, clínicos e com a percepção da vida em PCE. Casuística e procedimentos: Foram incluídos 80 PCE adultos consecutivos, atendidos no ambulatório de Neurologia Clínica do Hospital e Maternidade Celso Pierro (PUC-Campinas). Os PCE foram avaliados com: Questionário sociodemográfico, história clínica, critério de classificação econômica Brasil, Escala de resiliência de Wagnild & Young, Teste de orientação da vida (TOV-R) e Inventário de depressão em transtornos neurológicos para epilepsia (IDTN-E). Foram utilizados testes estatísticos com nível de significância p< 0,05. Resultados: A idade média dos PCE foi 45.4 (±14.4) anos, 46 (57.5%) eram do gênero feminino; 38 (47.5%) estavam desempregados e 42 (52.5%) e 41 (51.2%) pacientes casados. A idade média da primeira crise epiléptica (CE) foi de 21.1 (±17.1) anos; 49 (61.2%) estavam com CE há menos de um ano e a duração média da epilepsia foi de 27.7 (±16.2) anos. O tipo de CE foi focal em 67 (83.75%) casos e exclusivamente generalizada em 13 (16.25%). Cinquenta e um PCE estavam utilizando uma droga antiepiléptica (DAE) e, mais que duas drogas, 29 (36.2%). A síndrome epiléptica foi: epilepsia generalizada idiopática em 13 casos (16.25%), focal sintomática em 45 (56.25%) e focal provavelmente sintomática em 22 casos (27.50%). Nas epilepsias sintomáticas a etiologia foi epilepsia de lobo temporal com esclerose hipocampal em 27 (33.7%). O escore médio da escala de resiliência foi 139.2 (±15.6). Na classificação dos níveis de resiliência foi observado que 15 (18.7%) pacientes tinham baixa resiliência (≤125) e, média (>125 e ≤145) e alta resiliência (>145) foram respectivamente, 32 (40%) e 33 (41.2%) pacientes. O escore médio do TOV-R foi 20.5 (±3.4) e do IDTN-E, 12.6 (±2.6). Os PCE que utilizavam mais de uma DAE apresentaram de modo significativo menores escores na escala de resiliência quando comparados àqueles que utilizavam droga única (142.3±14.7 x 133.9±16.1; Teste T; p=0.025). Foi observado que os PCE em episódio depressivo (valores acima de 15) no IDTN-E tiveram de modo significativo menores escores na escala de resiliência (141.7±14.1 x 119.8±14.2; Teste T; p=0.000) e menores escores no TOV-R (21.0±2.6 x 16.5±6.1; Teste T; p=0.000). Houve correlação positiva significativa entre os escores da escala de resiliência com o TOV-R. Houve correlação negativa significativa entre os escores da escala de resiliência e os escores do IDTN-E. Discussão e conclusão: A maioria dos PCE foram classificados em média e alta resiliência, o que sugere que indivíduos com elevada resiliência podem desenvolver habilidades para superar os desafios e adversidades frente a imprevisibilidade da epilepsia. No rastreamento de episódios depressivos, no IDTN-E, foi observado valores médios não sugestivos de sintomas depressivos. Baixa resiliência foi associada de modo significativo à utilização de mais de uma DAE. Não foi observada associação com outros aspectos clínicos da epilepsia e sociodemográficos. PCE com maior otimismo na percepção de suas vidas (TOV-R) apresentam maior resiliência. Houve associação entre sintomas depressivos (IDTN-E) e menor resiliência. Concluindo, PCE com menor resiliência utilizam mais de uma DAE, apresentam menor otimismo ao perceberem suas vidas com mais sintomas depressivos.