A experiência vivida por gestantes e profissionais da rede pública no programa de acompanhamento ao período pré-natal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Abreu, Cintia Souza de
Orientador(a): Cury, Vera Engler
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/17270
Resumo: A Organização Mundial de Saúde destaca que a experiência das mulheres com o programa de acompanhamento no período pré-natal é fundamental para a transformação do cuidado e no desenvolvimento saudável das famílias e comunidades. Nesse sentido, compreender as experiências vividas por mulheres e profissionais da saúde no acompanhamento do programa do período pré-natal implica numa atenção às relações intersubjetivas que se desenvolvem entre eles. A pesquisa caracterizou-se como um estudo empírico de natureza qualitativa que objetivou compreender a experiência vivida por mulheres gestantes e por profissionais de saúde em relação ao programa de acompanhamento do período pré-natal disponibilizado pelo SUS numa Unidade Básica de Saúde de um município situado no estado de Mato Grosso. Epistemologicamente, inspirou-se nos conceitos da fenomenologia clássica desenvolvida pelo filósofo Edmund Husserl e por sua discípula Edith Stein, atualizados pelas contribuições contemporâneas da filósofa italiana Angela Ales Bello. Teoricamente, apoia-se nos princípios da Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida pelo psicólogo humanista norte-americano Carl Rogers. Os participantes foram 11 mulheres gestantes e 12 profissionais de diferentes especialidades em uma equipe multiprofissional da área da saúde pública. A pesquisadora realizou 6 encontros dialógicos presenciais nas dependências da Unidade Básica de Saúde, com três grupos de gestantes e três grupos de profissionais da saúde, com duração aproximada de 1 hora. Os encontros foram iniciados com uma questão norteadora: “gostaria que você compartilhasse comigo como tem sido a sua experiência no programa de acompanhamento do período pré-natal”. Após cada encontro, a pesquisadora escreveu uma narrativa compreensiva contendo suas impressões, sentimentos e ideias a partir da experiência comunicada pelos participantes. Na etapa seguinte, construíram-se duas narrativas sínteses contendo os elementos estruturantes do fenômeno, sendo uma sobre os encontros com os grupos de mulheres gestantes e outra sobre os encontros com os grupos de profissionais. A análise fenomenológica derivada das narrativas sínteses possibilitou interpretar a experiência vivida por gestantes e por profissionais da saúde, destacando-se os seguintes elementos estruturantes: 1) estabelecer interações que facilitem a manifestação das vivências emocionais das gestantes não faz parte da postura dos profissionais; 2) as relações intersubjetivas entre os profissionais da equipe constituem um escudo que os protegem das situações externas ameaçadoras; 3) desamparo e frustração são vivenciados pelos profissionais em função de um desencontro entre as propostas contidas nos documentos do SUS e as experiências cotidianas na UBS; 4) as vivências subjetivas das gestantes impactam no processo de adesão ao programa de acompanhamento durante o período pré-natal; 5) quando os profissionais de saúde assumem atitudes de consideração, reconhecimento das singularidades e compreensão empática, as gestantes sentem-se acolhidas e valorizadas como pessoas e isto facilita a emergência de experiências positivas durante a gestação; 6) os profissionais realizam procedimentos protocolares de natureza técnica como instrumentos no relacionamento com as gestantes, evitando um envolvimento afetivo com elas. Destaca-se a necessidade da presença de psicólogos na equipe de saúde para assegurar uma atenção aos aspectos emocionais vivenciados pelas gestantes e estimular o desenvolvimento de práticas interdisciplinares inovadoras na perspectiva de uma assistência humanizada e integral durante o processo de acompanhamento no período pré-natal.