Lutando para existir: experiência vivida e sofrimento social de pessoas transgêneras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Gustavo Renan de Almeida da
Orientador(a): Vaisberg, Tania Maria Jose Aiello
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16075
Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar a experiência vivida de pessoas transgêneras na perspectiva da psicologia psicanalítica concreta. Justifica-se na medida em que formações sociais que se organizam de modo sexista geram sofrimentos que atingem tanto os que se definem em termos de cisheteronormatividade como aqueles que divergem dessas normas, entre os quais se incluem as pessoas transgêneras. Organiza-se metodologicamente como pesquisa qualitativa ao redor do método psicanalítico, operacionalizado em termos de procedimentos investigativos de produção, registro e interpretação do material pesquisado, abordando 13 vídeos do YouTube, nos quais pessoas que se identificam como transgêneras relatam suas experiências de vida. O conjunto dessas manifestaçõesfoi transcrito e considerado em duas etapas, focalizando as dramáticas do viver, presentes no campo da consciência dos próprios youtubers, e os campos de sentido afetivo-emocional. Foram identificadas as seguintes dramáticas no viver das pessoas trans: dificuldades nas relações familiares, nas relações amorosas, na escola, no trabalho, na vida cotidiana, no sistema desaúde, na segurança pessoal, na relação com o próprio corpo e ligadas a sensações de falsidade pessoal. Foram interpretativamente propostos dois campos de sentido afetivo-emocional: “Perverso e degenerado” e “Ser ou não ser verdadeiro". O primeiro é aquele que se organiza ao redor da crença/fantasia de que a recusa de se conformar ao “sexo biológico” corresponde a uma forma de anormalidade moral, livremente escolhida pela pessoa. O segundo é aquele que se organiza ao redor da crença/fantasia de que é importante ser fiel ao próprio sentir. O quadro geral indica um entrechoque de tendências reducionistas, que pensam o humano como mero organismo biológico, com outras que concebem que a sexualidade, como fenômeno suficientemente dissociado da função reprodutiva, corresponde a uma área da experiência passível de ser vivida de modo criativo, autêntico e alinhado a uma ética radicalmente humanista.