Resumo: |
As usinas sucroalcooleiras modificaram a paisagem urbana e rural do interior de São Paulo a partir da década de 1930, após o período de hegemonia da produção do café e seus atores político-econômicos, estimuladas pelo empreendedorismo dos imigrantes europeus e por privilégios no governo do Estado Novo. A partir da década de 1990, as alterações tecnológicas transformaram rigorosamente as relações de trabalho, iniciando a perda de referências culturais destes lugares. A pesquisa trata do conjunto de três usinas sucroalcooleiras localizadas no município de Araras, SP, articuladas pelo monocultivo da cana de açúcar formando um recorte geográfico que reproduz a paisagem de grande parte do interior do estado: a Usina São João e a Usina Santa Lúcia, que estão ativas economicamente e a usina Palmeiras, que está inoperante e desocupada, tendo perdido vários edifícios e significados culturais. O estudo se apoiou na leitura da paisagem cultural como conceito passível de reconhecer e gerir o valor cultural expresso no objeto de estudo que se mantém operativo, trazendo o valor do cotidiano para o debate no campo do patrimônio. A análise das relações de trabalho, intrínsecas à formação dos conjuntos, revelaram modos de vida urbanos articulados e indissociáveis do rural. A pesquisa procurou, através da síntese do inventário dos remanescentes materiais e de entrevistas com os sujeitos - diretamente envolvidos com a história e as atividades contemporâneas das usinas - compreender os principais referenciais de herança coletiva e prática cultural presentes na região. Como resultado, foram propostos parâmetros para a identificação e preservação de valores da paisagem analisada. |
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