LAMENTOS DE MURMÚRIO: O RITUAL DE RECOMENDAÇÃO DAS ALMAS NA VILA UNIÃO DO CURUMU EM ÓBIDOS – PARÁ.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: BARROS, LÚCIA HELENA ALFAIA DE lattes
Orientador(a): GARCÉS, CLAUDIA LEONOR LÓPEZ lattes
Banca de defesa: MEIRA, MARCIO AUGUSTO FREITAS DE lattes, PEIXOTO, RODRIGO CORRÊA DINIZ lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Museu Paraense Emílio Goeldi
Programa de Pós-Graduação: PPGDS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.museu-goeldi.br/handle/mgoeldi/2549
Resumo: Lamentos de Murmúrio é o ritual de Recomendação das Almas antigamente realizado na Vila União do Curumu, município de Óbidos, Oeste do Estado do Pará. O registro dessa história cultural praticada em lagos e rios na Amazônia, foi realizado com o auxílio da memória e em co-autoria com o senhor José Ailton Marinho de Jesus, o seu Nazito, Rezador e Recomendador de Almas da Vila União do Curumu. Essa história apresenta trabalhadores negros dentro do sistema escravagista, ainda nas décadas de 1940 a 1950, que sofriam castigos corporais até a morte e suas almas eram recomendadas em um ritual com viagens noturnas pelos lagos Curumu, Maria Tereza e rio Trombetas. Essa Dissertação tem como objetivo documentar, descrever e analisar o ritual de recomendação das almas, a partir das memórias de seu Nazito e sua relação com a situação de escravidão vivenciada pelos coletivos afrodescendentes nas regiões de Óbidos e Trombetas. Para essa investigação optou-se pelo diálogo entre Antropologia e História com a análise de categorias fundamentais como: memória, cultura, ritual e suas inter-relações com as experiências de dominação e resistência, que enfatizam o ethos do homem sentipensante que é seu Nazito, aquele que apesar dos percalços, resistiu e continuou. Esse texto colabora para o estudo das diferenças, das hierarquias, da escravização e do racismo vividos pelos negros do meio rural obidense, e comprova a existência do trabalho escravo no século XX nas plantações de cacau do município. Contar, descrever e documentar essa história de Óbidos é recuperar a cor ausente, alimenta a reflexão sobre como o racismo foi reproduzido e continua presente nas conversas cotidianas, nas obras literárias e no desenho curricular da educação formal do município, é confrontar a história oficial e reviver um passado invisibilizado e singular, contado no presente, legitimado por outras vozes, outros sujeitos, novos protagonistas. Palavras-Chave: Recomendação das Almas; Coletivos Afrodescendentes; Memória; Cultura; Ritual.