Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Silva Machado, Michelly
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Orientador(a): |
Moreira Galúcio, Ana Vilacy
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Banca de defesa: |
Moreira Galúcio , Ana Vilacy
,
Bruno, Ana Carla
,
van der Voort, Hein
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Museu Paraense Emílio Goeldi
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Programa de Pós-Graduação: |
PPGDS
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.museu-goeldi.br/handle/mgoeldi/2231
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Resumo: |
A historiografia tradicionalmente encarou as populações originárias como vítimas passivas do colonialismo brasileiro. Contudo, apesar do genocídio e das adversidades vividas, esses povos não assistiram ou ficaram estáticos ao processo de colonização europeu. Ao contrário, estabeleceram complexas redes de resistências e negociações em busca de autonomia, sobrevivência e participação comercial na construção da história do Brasil. Partindo desse cenário, essa dissertação tem como objetivo descrever e analisar a estrutura mórfica de novas categorias conceituais de origem do português inseridas na língua Mẽbêngôkre (Kayapó), através de uma pesquisa interdisciplinar com foco nos processos linguísticos envolvidos na formação neológica e nos campos semânticos (cosmovisões) onde ocorre a entrada desses novos conceitos. O trabalho visa estabelecer uma relação entre a formação dos neologismos e as políticas linguísticas internas dos Kayapó, conforme as agências, atitudes e experiências de nossos interlocutores. Para tanto, foram realizadas as seguintes atividades: (i) levantamento de itens lexicais da língua (campo semântico artefatos); (ii) descrição e análise dos tipos de processos linguísticos envolvidos na formação de novos itens lexicais; (iii) estudo sobre os processos de ressignificação conceitual e neologismo semântico; (iv) reflexões sobre a relação entre o processo de formação de novas categorias e as dinâmicas socioculturais do grupo a partir de suas agências linguísticas. Os procedimentos metodológicos foram realizados através de pesquisa¬ bibliográfica e em um estudo etnográfico lexical em ambiente virtual para levantamento de dados. A análise dos dados seguiu uma abordagem descritiva, amparada na antropologia linguística, conforme (Duranti, 1997), para se entender os universos léxico-culturais desta língua. Os estudos de Oliveira e Isquerdo (2001) forneceram suporte teórico sobre as ciências do léxico: lexicologia e lexicografia. Para o entendimento da língua Mẽbêngôkre (Kayapó), utilizamos os estudos de Borges (1995), Salanova (2001), Reis Silva (2001), Salanova & Nikulin (2020) e Silva da Costa (2015). Os trabalhos de Viotti (2020) e Carneiro da Cunha & Cesarino (2014) serviram de base para as discussões sobre o encaminhamento das políticas culturais dos índios e para os índios. E, para o suporte metodológico do ensaio etnográfico em ambiente digital, utilizamos os estudos de Ramos & Freitas (2018) e Ferraz (2019). O presente estudo apresenta uma análise sobre as formas e organizações sociais dos Kayapó, que se pauta no entendimento da língua Mẽbêngôkre como um conjunto de códigos articulados que expressa a história, as crenças e a cosmologia de seu povo, além de ser instrumento de defesa, de posições éticas e de manifestação identitária de seus falantes. Os resultados deste trabalho são relevantes por contribuir com dados originais de um aspecto da língua e cultura Kayapó que analisados sob o enfoque da antropologia linguística podem ser um importante instrumento para se compreender as dinâmicas das línguas naturais, processos de resistência e a suas agências cosmolinguísticas. |