Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Costa, Aléxia Antonia Lessa da |
Orientador(a): |
Carlos Eduardo Leite Ferreira |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.repositorio.mar.mil.br/handle/ripcmb/846010
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Resumo: |
Ruídos antropogênicos representam uma constante ameaça aos ecossistemas marinhos. Visto que organismos marinhos utilizam o som em diversas atividades do seu ciclo de vida, o aumento do tráfego marítimo pode ter efeitos significativos na dinâmica e resiliência de sistemas naturais. O peixe-donzela Stegastes fuscus é uma espécie chave na dinâmica de sistemas recifais rasos, visto papel como herbívoro e comportamento territorialista. Pertencendo a uma família que tem biofonia conhecida e associada a comportamentos diversos, representa uma boa espécie modelo para a avaliação de impactos causados por atividades antropogênicas. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o impacto do ruído gerado por embarcações de turismo náutico no comportamento de Stegastes fuscus em costões rochosos de Arraial do Cabo (22° 58 'S 42° 01 'W). Para isso foram realizados experimentos in situ. Territórios de S. fuscus foram selecionados em cada site de modo que uma fonte acústica ficasse posicionada centralmente a três territórios (=indivíduos). Para cada indivíduo foi aplicado um dos tratamentos: Tratamento 1: 10 min sem a transmissão de som (controle) + 10 minutos de playback de barcos (200 Hz-1 kHz); Tratamento 2: 10 minutos sem a transmissão de som (controle) + 10 minutos de um som artificial (400Hz). As faixas de som foram feitas usando 30s de som intercalados com 30s de silêncio em looping por 10 minutos. Respostas comportamentais foram analisadas através de filmagens remotas, considerando as frequências de comportamentos agonísticos (núm. de chases/minuto), taxas de forrageamento (núm. de mordidas/minuto) e o tempo de refúgio (tempo gasto escondido). As observações foram divididas em três períodos: 10 minutos antes do som (“pré”), os 10 minutos de exposição a um dos tratamentos (“durante”), e os 10 minutos seguintes (`'após"). Para avaliar se existiram diferenças nos comportamentos entre os períodos analisados foi usado um teste de Friedman (α < 0.05). Os peixes apresentaram mudanças comportamentais significativas associadas aos períodos de exposição ao som. Os indivíduos aumentaram significativamente seu tempo de refúgio durante a exposição do som, em comparação ao momento pré-exposição (Tratamento 1: p = 0.009; Tratamento 2, p = 0.008). Além disso, quando submetidos aos diferentes sons os indivíduos diminuíram significativamente suas taxas de forrageamento (Tratamento 1: p = 0.003; Tratamento 2, p = 0.01). Tais mudanças nas taxas de forrageamento e defesa do território podem ter efeitos potenciais sobre o fitness populacional. Já que a espécie possui um papel funcional importante nos sistemas recifais rasos, como herbívoro territorial mais abundante em toda a costa brasileira. Os efeitos detectados influenciaram significativamente comportamentos chaves no ciclo de vida da espécie, o que pode gerar efeitos críticos na dinâmica dos recifes como um todo. A paisagem acústica submarina está mudando rapidamente e com isso há uma necessidade urgente de avaliar os impactos dessa pressão antropogênica sobre espécies e processos, de modo a fornecer medidas de mitigação desse impacto ainda negligenciado. |