Identificação genética e morfológica de Brachidontes exustus (Linnaeus, 1758) (Bivalvia, Mytilidae) em diferentes ambientes do Oceano Atlântico Sul Ocidental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Quintanilha, David Braga
Orientador(a): Fernandes, Flávio da Costa, Conceição, Laura Isabel Weber da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM)
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.mar.mil.br/handle/ripcmb/844258
Resumo: Ao longo da costa do Oceano Atlântico ocidental Brachidontes exustus (Linnaeus, 1758) (Mollusca, Mytilidae) foi registrado em diversos locais, porém incluindo outras espécies como sinonímias. Estudos taxonômicos de B. exustus baseados na morfologia da concha atribuíram à variação dos caracteres à plasticidade fenotípica. Esse fato tem dificultado a identificação das espécies e gerado confusão taxonômica. Atualmente, B. exustus é um complexo de espécies na Flórida, Golfo do México e por todo o Caribe, mas seu status taxonômico continua sem esclarecimento em algumas regiões do Atlântico Ocidental. O presente trabalho busca contribuir para o esclarecimento do status taxonômico de populações de mexilhões identificados como B. exustus no Atlântico Sul Ocidental, através de uma abordagem molecular e morfológica. Foram estudados exemplares de B. exustus de quatro localidades do Atlântico Sul Ocidental (Cartagena, na Colômbia; Salvador na Bahia, Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro e na ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco). O estudo morfométrico consistiu numa análise discriminante canônica de cinco medidas da concha (largura, altura, comprimento dorsal anterior e posterior) relativizadas ao comprimento total. Foram utilizadas as raízes canônicas para observar a distribuição dos mexilhões no plano discriminante e avaliar sua discriminação morfológica. Foram obtidas as funções de classificação e avaliados os acertos por espécie. As análises moleculares foram baseadas em sequências parciais dos genes mitocondriais 16S e COI, com as quais foram construídas redes de haplótipos com o programa PopArt e árvores filogenéticas baseadas em máxima verossemelhança e na distância de Tamura-Nei. As distâncias P e Tamura-Nei foram obtidas entre pares de populações e com espécies referências obtidas do GenBank. Para ambas as análises foi aplicado Bootstrap com 1000 repetições, utilizando o programa Mega. Foram geradas sequências do gene do 16S rRNA para as espécies estudadas a serem disponibilizadas no GenBank. Os mexilhões de Cartagena e Salvador foram identificados como B. exustus e mostraram baixa distância genética (0,002 ± 0,001) entre eles. Estes mexilhões foram agrupados com a variante de Miami desta espécie na rede de haplótipos e na árvore filogenética baseada no COI, com a qual apresentam uma distância de 0,005 ± 0,002. A população de Arraial do Cabo (canal) foi agrupada com B. darwinianus do Uruguai, com a qual mostra uma baixa distância (0,006 ± 0,003), confirmando pertencer a esta espécie. A população de Fernando de Noronha foi agrupada num clado independente formado por B. puniceus de Cabo Verde (na base do clado) e pela variedade de Bahamas de B. exustus, mostrando uma distância média entre eles de 0,050 ± 0,010 e uma distância com as outras espécies e outras variedades de B. exustus superior a 0,220, indicando que a nomeação correta para este clado seja B. puniceus. A função discriminante permitiu a separação parcial das espécies identificadas com acertos de no mínimo de 85% dos casos. Podemos concluir que B. exustus se estende até Salvador, Brasil, ampliando a distribuição recentemente verificada para a espécie. Confirma-se a ocorrência de B. darwinianus nos costões rochosos da Praia do Pontal em Arraial do Cabo, Brasil, na zona entre-marés inferior, na saída de um canal de água salobra. Os mexilhões de Fernando de Noronha correspondem à espécie B. puniceus, a mesma presente nas Ilhas de Cabo Verde, Bahamas e Bermudas. A baixa distância genética entre eles e o grau de isolamento de Fernando de Noronha permitem propor que essa população seja denominada de subespécie B. puniceus noronhensis.