Desvendando o desconhecido: diversidade, distribuição e diversificação de anuros no interflúvio Purus-Madeira
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Ecologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12271 http://lattes.cnpq.br/5370319983922485 |
Resumo: | O interflúvio entre os rios Purus e Madeira (IPM) compreende uma das regiões mais desconhecidas da Amazônia brasileira. Mesmo sendo uma região extremamente ameaçada pelas ações do homem, pouco se conhece sobre a identidade taxonômica dos anuros que habitam a região e os processos responsáveis por determinar padrões de distribuição e diversificação de espécies. O objetivo geral desta tese foi investigar a diversidade escondida de anuros, fornecer subsídios para estudos ecológicos e de conservação através da descrição de novos taxons, e revelar processos ecológicos responsáveis pela distribuição e diversificação de espécies no IPM. No primeiro capítulo, integramos dados morfológicos, bioacústicos e moleculares para investigar a existência de diversidade escondida em anuros do gênero Scinax ao longo de 1000 km de paisagens no IPM e áreas circunvizinhas. Análises integrativas revelaram que aproximadamente 82% da riqueza regional de espécies de Scinax era composta por espécies desconhecidas para a ciência. Os resultados evidenciaram o quanto o IPM é pouco conhecido do ponto de vista faunístico e a necessidade de ações conservacionistas na região. No segundo capítulo, descrevemos formalmente a espécie de Scinax com maior distribuição ao longo do IPM e investigamos se sua distribuição geográfica e abundância são influenciadas por variáveis ambientais. Scinax ruberoculatus é facilmente distinta das demais congêneres por caracteres morfológicos (adultos e girinos) e bioacústicos. Diferente do que se esperava para anuros de reprodução aquática, sua distribuição e abundância ao longo do IPM é influenciada positivamente pela porcentagem de silte no solo e não pela estrutura da floresta (densidade de árvores). Sugere-se que está associação espécie-habitat seja guiada pelas necessidades reprodutivas da espécie, uma vez que sítios reprodutivos em solos siltosos podem ser menos efêmeros, favorecendo assim a sobrevivência dos girinos da nova espécie. No terceiro capítulo, descrevemos formalmente uma nova espécie de Scinax com distribuição aparentemente restrita à porção central do IPM. Apesar de ser proximamente relacionada com espécies do clado Scinax wandae, a nova espécie se distingue de todas estas por caracteres morfológicos e de coloração, bem como por seu canto de anúncio. Sua área de ocorrência passa por forte pressão antrópica em decorrência do desmatamento influenciado pela especulação imobiliária decorrente da reconstrução da BR-319. No quarto capítulo, Scinax onca foi descrita com base em espécimes provenientes de duas populações distintas do IPM, uma distribuída em florestas densas e a outra em florestas abertas. Análises filogenéticas do primeiro capítulo mostraram que estas populações formam clados reciprocamente monofiléticos. As diferenças no padrão de coloração entre as duas populações, juntamente com suas relações evolutivas, nos levaram a levantar a hipótese de que variações ecológicas do IPM podem ser os responsáveis pela diferenciação destas duas populações. Entretanto, dados coletados ao longo de sua distribuição se fazem necessários para elucidar se a diferenciação observada é influenciada pelos gradientes ambientais. No quinto capítulo, utilizamos uma espécie diminuta de anuro terrícola (Phyzelaphryne miriamae) amplamente distribuída no IPM como modelo para testar se o fluxo gênico ao longo da paisagem pode ser explicado pela hipótese de gradientes ambientais. Pela primeira vez na Amazônia, utilizamos análises genômicas de paisagem e milhares de polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) para testar esta hipótese. Análises de estrutura genética estimaram cinco populações em P. miriamae. Os efeitos dos gradientes ambientais no fluxo gênico da espécie alvo foram pronunciados. Os valores de explicação das variáveis ambientais, após corrigidas pelo efeito da distância geográfica, variaram entre 24.7% (teor de silte no solo) e 30.2% (sazonalidade da temperatura). Enquanto que a distância geográfica explicou apenas 2.3–3.7% do fluxo gênico. Embora haja efeito da distância geográfica no fluxo gênico de P. miriamae, este se limita apenas a pequenas e longas distâncias, sendo nulo em distancias intermediarias. |