Padrões de variabilidade multiescalar na temperatura da superfície do mar no Atlântico tropical e norte e seus efeitos nas chuvas da América do sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Rosimeire Araújo
Orientador(a): Souza, Rita Váleria Andreoli de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Clima e Ambiente - CLIAMB
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12949
http://lattes.cnpq.br/9747280174466049
Resumo: A variabilidade da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no oceano Atlântico Norte (ATN) durante o período de 1901-2009 foi investigada utilizando Funções Ortogonais Empíricas (FOE), análises espectrais e correlações lineares. Os resultados das análises de FOE mostraram dois modos de variabilidade que revelaram um carácter multiescalar, sendo que o modo 1 (modo 2) é mais restrito à região do ATN (Niño do Atlântico) e que correspondem a 22% (11%) da variabilidade total das anomalias para esta região. Esse aspecto multiescalar indicou que uma decomposição dos modos em diferentes escalas de variabilidades temporais poderia revelar o entendimento de suas interações com os índices climáticos. Foi mostrado que o modo 1 (modo 2), revela-se como oscilações em escalas de 50-70 anos, 30-40 anos, 20-30 anos, 8-16 anos e 3-5 anos (40-60 anos e 8-16 anos), e que sua variabilidade é controlada pelos índices climáticos atuantes em escalas temporais preferenciais. Para a escala de 50-70 anos, análises de coerência e fase entre os índices climáticos e a série Componente Principal do modo 1 (CP01), mostra maior relação com o índice da Oscilação Multidecenal do Atlântico (OMA), indicando que para esta escala de variabilidade a TSM do ATN é fortemente mantida por influências locais. Especialmente na escala de 30-40 anos os efeitos remotos parecem atuar mais fortemente para a variabilidade na temperatura do oceano. Para as escalas de 20-30 anos e 8-16 anos, os efeitos locais da OMA e da Oscilação do Atlântico Norte (OAN) e também os remotos como Oscilação Decenal do Pacífico (ODP) e El Niño Oscilação Sul (ENOS) parecem definir a variabilidade de TSM, e que o mesmo acontece para a escala interanual. Para a Componente Principal do modo 2 (CP02), a análise de coerência e fase de ondeletas mostrou que na escala de 40-60 anos, o padrão está relacionado à ODP, enquanto que para a escala de 8-16 anos está relacionado a variabilidade OAN e do ENOS nesta mesma escala. Quanto aos efeitos nas chuvas, a OMA em fase positiva na escala de 50-70 anos, atua positivamente (negativamente) para regiões da Amazônia central e sul (do nordeste, sul e oeste da AS, para a escala de 20-30 anos, as anomalias são negativas (positivas) no nordeste e oeste do Brasil (em regiões espalhadas ao norte, central e sul da AS). Na escala de 8-16anos a sua contribuição positiva é restrita à porção do extremo norte da AS e sul do nordeste do Brasil, enquanto que para a escala de 3-5 anos, os sinais de redução (aumento) das chuvas ficam restritos à porção tropical (sul do Nordeste e do Brasil). Exclusivamente associadas a atuações da OAN atuando em mais baixa frequência (30-40anos), os sinais de impacto positivo (negativo) são vistos por toda a faixa tropical (central e sudeste da AS). Para as demais escalas, os sinais positivos na porção do Nordeste do Brasil são sempre notados, enquanto que os sinais negativos ficam mais confinados na porção central e sudeste do Brasil, e principalmente na escala de 20-30anos, enquanto que para o modo 2 e na escala de 8-16 anos, sua atuação favorece sinais positivos espalhados por toda AS. A contribuição da ODP, é restrita a escala de 20-30anos (40-60anos) e associada ao modo 1 (modo 2), atuando em sinais opostos e de redução (aumento) em considerável região da AS. Atribui-se ao ENOS, uma estrutura dipolar nas anomalias das chuvas, com sinais negativos (positivos) ao norte (sul) da AS, embora para a escala de 30-40 anos os sinais sejam reduzidos, o ENOS representa uma importância na integração das chuvas para esta escala de variabilidade temporal. Vale ressaltar que devido metodologia de FOE utilizada, os sinais de correlações inversas nas chuvas para ambos modos e todos índices climáticos, são vistas quando são considerados períodos de fase negativa das séries. Contudo, foi notado que não somente a natureza dos eventos dominantes prevalecem em termos de impactos sentidos sobre o continente, mas que a persistência dos sinais ao longo do tempo ganha um papel importante na integração dos resultados finais. Foi confirmado que a variabilidade das chuvas na AS são explicadas pelas ATSM’s tropicais, porém o contexto multiescalar favoreceu resultados mais precisos das respectivas áreas de atuações. Restrito ao Atlântico, atribuiu-se uma importância relativa ao modo 1 (modo2) para eventos de seca (cheia) na Amazônia, uma vez que um padrão quente (frio) no ATN e norte (Niño do Atlântico), sugere um padrão de redução (aumento) de chuvas na porção central e leste (nordeste e oeste) da bacia Amazônica em escalas interdecenais e interanuais (multidecenais) de tempo, o que justifica a assimetria nos anos de eventos extremos observada ao longo da série de 109 anos.