Avifauna montana do Pantepui: modelos de distribuição de espécies e estudo de caso na Serra da Mocidade, Roraima, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Melinski, Ramiro Dário
Orientador(a): Cohn-Haft, Mario
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12011
http://lattes.cnpq.br/0509613189445973
Resumo: Localizado no Escudo da Guianas, o Pantepui é uma região biogeográfica formada por montanhas tabulares, conhecidas como tepuis, de grande interesse científico devido sua biota endêmica e notória dificuldade de acesso. Ecologicamente, o Pantepui abrange outras formações serranas, com formato e origem geológica distintos, mas que aportam espécies consideradas típicas desta região. A maioria do Pantepui se encontra na Venezuela mas também se expande para regiões limítrofes de Brasil e Guiana e componentes isolados na Colômbia e Suriname. Após quase dois séculos de estudos ornitológicos, o conhecimento sobre a avifauna do Pantepui ainda permanece longe de estar completo. Expedições ornitológicas historicamente priorizaram tepuis de grande porte, geralmente na Venezuela, porém estudos recentes revelaram a presença de uma avifauna típica de tepuis em formações serranas menores e mais isoladas, aumentando o conhecimento sobre a distribuição das espécies. O objetivo principal deste trabalho é, com base em pontos de ocorrência extraídos de extenso levantamento bibliográfico e coleções científicas, fazer a modelagem da distribuição de espécies de aves montanas para assim prever quais localidades, dentro da extensão geográfica do Pantepui, têm alta adequabilidade ambiental para ocorrência destas. Subsequentemente, testamos a acurácia dos modelos através da comparação dos valores de adequabilidade ambiental previstos com registros obtidos empiricamente em campo durante expedição à Serra da Mocidade, uma formação serrana previamente inexplorada, no estado de Roraima, norte da Amazônia brasileira. Além de ocorrência de espécie dos tepuis, a Serra da Mocidade apresenta características biogeográficas interessantes como sua localização longitudinalmente central no Pantepui e o pronunciado isolamento, rodeada por terras baixas, favorecendo a possibilidade da ocorrência de espécies endêmicas que, por ser uma localidade nunca antes estudada, necessariamente representariam novos táxons para a ciência. Utilizamos o algoritmo MaxEnt para modelar a distribuição de 94 espécies consideradas características do Pantepui, aquelas ausentes das terras baixas adjacentes ou endêmicas de uma ou mais montanhas. Para gerar a adequabilidade ambiental, utilizamos variáveis bioclimáticas e altitude. Para comparar os resultados previstos com os registros obtidos na Serra da Mocidade, extraímos dos modelos o valor máximo de adequabilidade na áreavii amostrada durante a expedição. Definimos um limiar de adequabilidade para determinar as espécies esperadas que ocorressem na Serra da Mocidade. Das 121 espécies de pássaros típicas do Pantepui, foi possível modelar 94, das quais 41 foram registradas na Serra da Mocidade; todas, exceto três, tiveram ocorrência prevista. Das outras 52 espécies do Pantepui não encontradas na Serra da Mocidade, muitas tiveram ocorrência prevista. Acreditamos que a maior parte destas ausências estão relacionadas à falta de habitat adequado na Mocidade, e portanto, à falta de variáveis adequadas no modelo, ou à capacidade de dispersão intrínsecas às espécies, incapazes de colonizar a Serra da Mocidade devido ao seu alto grau de isolamento. Este estudo agrega conhecimento sobre as espécies de aves montanas do Pantepui, região pouco estudada em relação às terras baixas que a circundam, principalmente devido à grande dificuldade de acesso. Os resultados salientam a importância da validação empírica sobre projeções espaciais de modelos de distribuição de espécies. Eles também enfatizam a relevância da perspectiva biogeográfica insular e a importância dos estudos em montanhas menores ou mais isoladas desta região biogeográfica, uma vez que estas formações serranas proporcionam testes importantes da capacidade de dispersão e colonização, fornecem informações sobre preferências de hábitat e potencialmente ampliam a distribuição de espécies, aumentando assim o conhecimento da história natural de todo o Pantepui.