Colonização por peixes no folhiço submerso: implicações das mudanças na cobertura florestal sobre a dinâmica da ictiofauna de igarapés na Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Mortati, Amanda Frederico
Orientador(a): Venticinque, Eduardo Martins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12066
Resumo: A ictiofauna de igarapés de terra firme na Amazônia Central mantém estreita relação com a vegetação ripária, pois depende energética e estruturalmente do material orgânico originado da floresta. Os bancos de folha, formados em remansos ou zonas de maior correnteza, são colonizados por uma rica fauna que busca nesses locais abrigo ou alimento. Neste sentido, procurei avaliar se o tamanho dos igarapés e o tipo de cobertura vegetal de suas áreas de entorno poderiam alterar a disponibilidade dos bancos de folhiço e interferir na dinâmica do processo de colonização pela ictiofauna associada. Assim, utilizei 22 igarapés distribuídos em áreas de floresta primária, capoeira e pastagem, localizados 80km ao norte de Manaus. Nestes locais, desenvolvi um experimento de colonização durante 120 dias, com oito sacos de folhas por microhabitat (remansos e correntezas). Também coletei dados sobre profundidade, largura, vazão e substrato dos igarapés, e sobre a fragmentação das folhas submersas. As porcentagens de mata primária, nas áreas de entorno destes igarapés, foram obtidas a partir de uma imagem do satélite Landsat TM5 da área de estudo. Os dados revelaram que a colonização pela comunidade de peixes está relacionada às características qualitativas dos bancos de folhiço, onde os bancos localizados em remansos foram mais colonizados e apresentaram menor velocidade de fragmentação das folhas. Consequentemente, a estrutura tridimensional dos bancos foi mantida por mais tempo em áreas de remanso e nos igarapés pequenos, onde a vazão é menor. Portanto, o tipo de microhabitat e a vazão são dois fatores importantes na manutenção da dinâmica do sistema. A abertura do dossel, a densidade do sub-bosque e as porcentagens de cobertura florestal foram parâmetros adequados para caracterizar as alteração na vegetação. Houve menor probabilidade de colonização dos bancos de folhiço submerso pela ictiofauna em áreas com retirada de floresta primária no entorno dos igarapés, as quais apresentaram maior abertura de dossel e densidade do sub-bosque. Os resultados sugeriram que florestas ripárias preservadas agem como zonas tampão, protegendo os sistemas aquáticos. Além disso, a preservação deve ser planejada para todo o ecossistema, para manter os habitats e a fauna associada, e incrementar a conectividade da paisagem.