Aspectos da limnologia e ecologia da ictiofauna de uma planície alagável pelas chuvas em Roraima, Amazônia Brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Vale, Julio Daniel do
Orientador(a): Zuanon, Jansen Alfredo Sampaio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12237
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4769998J9
Resumo: As planícies alagáveis da Amazônia ocupam uma vasta área e apresentam grande importância para os processos ecológicos em escala local e regional. Na bacia do rio Negro e de seu principal afluente, o rio Branco, há áreas sazonalmente alagadas por uma coluna d água rasa (< 0,5 m) que são abastecidas principalmente por chuvas locais e não são conectadas diretamente com grandes rios. Uma dessas áreas é a planície alagável do Parque Nacional do Viruá, em Roraima, no extremo norte do Brasil, onde está instalado um sítio de pesquisas ecológicas de longa duração (RAPELD). Nesse sítio foram avaliados os aspectos limnológicos e ictiofaunísticos de 19 parcelas aquáticas permanentes durante três anos, com coletas realizadas duas vezes por ano, no início e fim do período de chuvas, que vai de maio a agosto. De maneira geral, as características limnológicas das parcelas aquáticas são similares às de ambientes de água preta, caracterizadas pela acidez e baixa condutividade. O oxigênio dissolvido e transparência da água variaram espacial e temporalmente. Não houve diferenças significativas nas características limnológicas das parcelas aquáticas entre o início e o fim dos períodos chuvosos de 2008 e 2010; mas sim em 2009, devido a um regime de chuvas atípico, que apresentou duas estiagens curtas ao longo daquele período chuvoso. A área apresenta uma elevada riqueza de espécies de peixes, tanto de pequeno porte (112 espécies) como de médio porte (52 espécies). As assembleias de peixes pequenos são formadas por diversas espécies bem adaptadas à dinâmica de dessecação quase completa da área no período anual de estiagem. A composição das assembleias variou sazonalmente (entre o início e o fim do período de chuvas) e entre anos, e mostrou relação significativa com a transparência da água. Outros fatores analisados, tanto espaciais (microbacias) quanto referentes às características dos locais de amostragem (profundidade da coluna d água e oxigênio dissolvido), não apresentaram relações significativas com as assembleias de peixes. A fauna de peixes amostrada no final do período chuvoso apresentou composição mais homogênea e maior riqueza de espécies do que no início da estação chuvosa. Estudos sobre a dinâmica de colonização poderão esclarecer como os peixes conseguem ocupar e explorar os recursos dessas planícies que são altamente dependentes das chuvas locais para o seu alagamento anual. Nesse contexto, essas áreas devem receber especial atenção caso os cenários de mudanças climáticas se confirmem e ocorram alterações nos padrões de precipitação na Amazônia.