Bovinocultura na Amazônia: evolução e suas implicações como atividade econômica no Amazonas. (o caso nos eixos rodoviários AM-070 e AM-010 e a Ilha do Careiro da Várzea)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Mast, Juan Manuel Herrera
Orientador(a): Freitas, Marilene Corrêa da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Agricultura no Trópico Úmido - ATU
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/5256
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4775284T9
Resumo: A ocupação das terras amazônicas com bovinos remonta à época da colonização européia, mas foi após meados do século XX que o crescimento dos rebanhos na Amazônia converteu-se em um problema de importância ambiental, que coincidiu com as construções das grandes estradas que deram acesso a novas formas de ocupação das terras da região, e ainda avivado pelos incentivos fiscais que favoreceram também a instalação de grandes fazendas e, sobretudo, estimularam a especulação fundiária. O trabalho em questão foi realizado em propriedades que possuem bovinos como parte importante da estratégia produtiva da unidade de produção como um todo. A região de estudo foi composta por área de várzea, representada pela ilha do Careiro da Várzea, e de terra firme, considerado pelas unidades de produção próximas aos eixos rodoviários Manaus-Itacoatiara (AM-010) e Manaus-Manacapuru (AM-070). O processo de produção bovina desta região está caracterizado por elementos que inclinam a unidade produtiva para sistemas mais extensivos. Pode ser constatada uma tendência dos produtores bovinos ou da família a vender sua força de trabalho para fora da unidade de produção, que somado a um uso mais extensivo da terra, fazem com que a racionalidade do proprietário tenda em maximizar os lucros através do maior grau de utilização do solo, como fator menos deficitário, e diminuir ao máximo o uso da mão-de-obra, como fator deficitário. Encontraram-se dois sistemas (extensivos e semiintensivos) que estão constituídos por diferentes racionalidades produtivas, onde se destacam o Sistema de cria em pastoreio semi-intensivo leiteiro - SCPSIL, Sistema de dupla aptidão em pastoreio semi-intensivo -SDAPSI, Sistema semi-intensivo de recria em pastoreio melhorado SSIRPM, Sistema extensivo de cria-recria em pastoreio transumante-SECRPT, Sistema extensivo de cria-engorda em pastoreio transumante SECEPT, Sistema extensivo de criaengorda a pasto -SECEP. Entre os índices zootécnicos que puderam ser extraídos dos questionários ressaltam-se como importantes a taxa de lotação das pastagens acima da média nacional, mas a idade ao primeiro parto e intervalo entre partos muito aquém das potencialidades de sistemas parecidos, assim como também as taxas de produtividade de leite (2,99 L/vaca/dia), taxa de desfrute (13,9%) e uma alta mortalidade dos bezerros (16,75% em terra firme e 7,84% na várzea), em especial aqueles das unidades de produção de terra firme. As taxas de lotação das pastagens foram de 1,11 UA/ha em média nas UP localizadas em terra firme e 1,33 UA/ha nas UP da área de várzea. Contudo, observações feitas apontam para problemas ambientais gerados por esta atividade pecuária no agroecossistema das UP, contrastando muito com a legislação ambiental em rigor no país, em especial, nas pequenas e médias propriedades da região estudada. Tais fatos revelam a necessidade de adequar a bovinocultura local às condições ambientais, porém, considerando sempre as condições sócioeconômicas da população local e a capacidade produtiva das terras, com objetivos focados ao desenvolvimento local. A bovinocultura da região focada neste estudo de caso está caracterizada por um processo lento de expansão territorial, a diferencia das regiões identificadas como arco do desmatamento . Isto pode ser constatado pelo baixo índice de capoeiras nas unidades pesquisadas, principalmente na média e pequena propriedade, a pouca utilização do fogo para tratos culturais e o baixo índice de interessados em abrir mais áreas para pastagens ou outras culturas. A modelo de exemplo figura a composição dos atores. Quando naquelas frentes de expansão denominadas arco do desmatamento , os atores são oriundos de outras regiões do país (região sul, principalmente), na região representada neste estudo são, em sua maioria, nascidas no mesmo estado (81%), além daqueles vindos de estados vizinhos (PA, RO, AC, RR), representados pelo 11% do total. Estas circunstâncias indicam uma diferenciação no modelo de ocupação local com relação a outras regiões da Amazônia.