Refúgios para peixes na seca em um lago de várzea: Implicações para o manejo pesqueiro na Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Sousa, Mariana
Orientador(a): Forsberg, Bruce
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12068
Resumo: Na estação de águas baixas, a retração do ambiente aquático aumenta a densidade de peixes, tornando-os mais vulneráveis à pesca. Além disso, é esperado um aumento das interações bióticas, como competição e predação, e intensificação dos efeitos de fatores abióticos que podem atingir limites críticos, como por exemplo: oxigênio dissolvido (OD), temperatura e material particulado em suspensão (MES). Diante disso, alguns peixes buscam estratégias para sobreviver a estes períodos, seja com adaptações fisiológicas ou buscando refúgios. O lago Janauacá, localizado em Manaquiri-AM, é um lago misto de várzea e ria, este último circundado por área que não é anualmente inundada, denominada de terra firme. Os lagos do tipo ria são formados pelo alagamento de vales fluviais, têm formato dendrítico e tendem a ser mais fundos e íngremes que os lagos de várzea (marginais ou de ilhas). Este trabalho buscou identificar no lago Janauacá, locais de refúgio para peixes no período de seca, que podem ser importantes para estratégias de manejo pesqueiro. Para isto, o lago foi dividido entre região norte (lago de várzea) e sul (lago de ria). Foram realizados quatro eventos de coletas de dados, dois na vazante e dois na seca, sendo oito pescarias por coleta, totalizando 32 pescarias (16 na região norte e 16 na sul). Os peixes foram coletados com uma bateria de malhadeiras, composta por quatro redes de espera de nylon com monofilamentos diferentes entre si, totalizando 20 m de comprimento e 2 m de altura. As redes ficaram imersas por 24h com despesca a cada seis horas. Enquanto as redes ficaram armadas foram caracterizadas as condições ambientais como temperatura, OD, MES e profundidade. Ao final de cada pescaria, os peixes foram identificados e foram tiradas fotos para confirmar identificação efetuada em campo. A partir disso, a Captura Por Unidade de Esforço (CPUE) (nº de peixes /área total da malhadeira) foi estimada. CPUE e diversidade dos peixes foram analisadas quanto às variáveis ambientais mensuradas nas duas regiões e por períodos hirdrológicos. A região norte do lago, na seca, apresentou níveis altos de MES, temperatura e níveis baixos de OD, assim, de acordo com os peixes encontrados nessa região, o norte do lago pode ser refúgio para espécies que buscam proteção contra predadores e que são adaptadas a concentrações menores de OD. Já a parte sul do lago, no mesmo período hidrológico, apresentou níveis maiores de OD, profundidade e menores de MES e temperatura, condições adequadas para espécies intolerantes à hipóxia e predadores visuais. A CPUE se relacionou positivamente com OD e foi maior no sul do lago. Já a diversidade foi diferente nas duas regiões de coleta, mas não apresentou relação significativa com as variáveis ambientais testadas. Por ser maior em lugares com vegetação alagada, foi maior na parte norte durante a vazante, porém durante a seca as regiões não apresentaram diversidade entre si, já que o ambiente disponível é água aberta, sem vegetação. Visto que as duas regiões do lago demonstraram ser refúgios para espécies de peixes importantes comercialmente, é interessante que lagos misto de várzea e ria constituam alvos de proteção, principalmente na seca, onde as condições são mais limitantes e os peixes estão mais vulneráveis à pesca.