Biologia e uso de habitat por Gymnorhamphichthys rondoni (Rhamphichthyidae: Gymnotiformes)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Garcia, Elisa
Orientador(a): Zuanon, Jansen
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12287
http://lattes.cnpq.br/5656449800935835
Resumo: Gymnorhamphichthys rondoni é uma espécie de peixe elétrico (Gymnotiformes) de pequeno porte que apresenta uma ampla distribuição na Amazônia. O fato de habitar igarapés rasos e de pequenas dimensões, bem como o hábito de repousar enterrado no substrato de areia durante o dia constituem características bastante favoráveis para a realização de estudos ecológicos e comportamentais sob condições naturais e de laboratório. Entretanto, há pouca informação disponível sobre aspectos básicos da sua biologia e uso de habitat sob condições naturais. Esta tese apresenta informações novas sobre a biologia reprodutiva, dimorfismo sexual e uso de habitat por uma população de G. rondoni em um pequeno igarapé de terra firme na Amazônia Central. A desova ocorre principalmente na primeira metade do período chuvoso e está associada positivamente com o aumento da condutividade elétrica da água e a quantidade de sólidos em suspensão, e negativamente com o teor de oxigênio dissolvido. Os ovócitos são proporcionalmente grandes e pouco numerosos e a desova é do tipo sincrônica em dois grupos. Encontramos indivíduos jovens concentrados em áreas muito pequenas, o que pode indicar alguma forma de agregação motivada pelas características do ambiente e/ou gregarismo. Ainda, a detecção de uma proporção elevada de indivíduos jovens coincidiu com o aparente desaparecimento dos adultos no trecho de igarapé estudado. Essas evidências sugerem que a espécie pode exibir o que chamamos de “semelparidade funcional”. Além disso, G. rondoni apresenta dimorfismo sexual relacionado ao tamanho relativo da cabeça e à posição da papila urogenital: machos têm a cabeça proporcionalmente maior que a das fêmeas, e a papila das fêmeas é alongada horizontalmente, maior que a dos machos e está localizada na linha vertical abaixo do olho, enquanto que a papila dos machos é alongada verticalmente, menor, e localizada na linha vertical abaixo da abertura opercular. Até onde sabemos, esse é o primeiro caso registrado de dimorfismo sexual em uma espécie de Rhamphichthyidae, mas o significado funcional dessas diferenças ainda não foi esclarecido. Sobre o uso de habitat, observamos que os indivíduos são fiéis ao sítio de repouso diurno; entretanto, a localização dos indivíduos em repouso durante o dia não pôde ser explicada pela profundidade do local e nem pela porcentagem do leito coberta por areia. Além disso, verificamos que as fêmeas se deslocam menos que os machos e estes se deslocam tanto quanto indivíduos jovens. Este padrão indica que os machos de G. rondoni provavelmente são responsáveis pela busca ativa por uma parceira sexual e a fêmea pela seleção sexual. Apesar desses avanços no conhecimento gerados por esta tese, diversas questões sobre a ecologia e o comportamento dessa espécie permanecem em aberto e deverão fomentar estudos futuros.