Análise florística e estrutural de uma área de manejo florestal no Amazonas: estudo de caso de Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Moraes-Silva, Jéssica
Orientador(a): Higuchi, Niro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Botânica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12758
http://lattes.cnpq.br/6635918064924571
Resumo: A floresta amazônica é considerada a maior reserva de floresta tropical contínua do mundo e em razão de sua extensão e a complexidade associada à realização de inventários florestais, a mesma possui muitas lacunas sobre seu conhecimento. Com o objetivo de ampliar esse conhecimento, foi realizada a caracterização e a análise da estrutura horizontal da comunidade de vegetação arbórea em floresta de terra firme na região de Itacoatiara, Silves e Itapiranga, no estado do Amazonas (AM). Trata-se de uma área de concessão de manejo florestal pertencente à empresa Precious Woods Amazon (Mil Madeiras da Amazônia). Os dados utilizados são decorrentes de inventário florestal, realizado no ano de 2010 pela equipe do Laboratório de Manejo Florestal (LMF) localizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Foram registrados 14.426 indivíduos arbóreos, distribuídos em 236 espécies, 157 gêneros e 55 famílias botânicas. Desses indivíduos, 4.835 foram determinados em nível específico, 8.098 em nível genérico, 1.288 apenas como família, 175 somente por nome popular e 30 registros não tem qualquer identificação. As famílias com maior diversidade de gênero foram: Fabaceae (26), Euphobiaceae (10), Annonaceae (7), Apocynaceae (7) e Arecaceae (7). As cinco famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram: Sapotaceae (1.908), Lecythidaceae (1.759), Burseraceae (1.414), Fabaceae (1.380) e Lauraceae (1.056) totalizando mais de 52% dos indivíduos amostrados. Tais famílias foram seguidas de Chrysobalanaceae (753), Arecaceae (707), Annonaceae (666), Euphorbiaceae (516) e Moraceae (472). As dez famílias citadas perfazem, aproximadamente 80% dos indivíduos encontrados na área. Por outro lado, Ebenaceae, Calophyllaceae, Ochnaceae e Bixaceae contribuíram com apenas um indivíduo cada. As curvas de acumulação de espécies (curva do coletor), tanto para as espécies como para famílias botânicas, demonstraram que as amostragens foram suficientes para caracterizar a composição florística da área de estudo. Com a inclusão das 12 últimas parcelas (10% da área amostrada), houve um incremento de apenas seis espécies (1,9% da riqueza da área) e de apenas uma nova família botânica (0,6%). Foi possível observar a formação de dois grupos com similaridade em torno de 45% pelo método de agrupamento UPGMA. Não foi observada nenhuma relação de agrupamento desses dois grupos com os anos da exploração, contudo, há uma relação bem clara entre os grupos e a riqueza de espécies. A diversidade da área de estudo, de acordo com o índice de Shannon (H’), foi de 4,12 ± 0,08 demonstrando uma grande diversidade de espécies em comparação com outros estudos realizados na Amazônia. A distribuição diamétrica dos indivíduos seguiu o padrão típico encontrado em florestas naturais tropicais, denominado “J reverso”. Na presente dissertação, foi realizado também estudo de caso com a espécie Mezilaurus itauba, inclusa na lista de espécies ameaçadas de extinção da IUCN. O objetivo foi verificar se as árvores identificadas no inventário florestal com o nome de M.s itauba correspondiam exatamente a esta espécie ou a outras e quantas espécies estavam incluídas com essa identificação. Foram realizadas coletas de material botânico dos espécimes citados pelas madeireiras como M. itauba para a confirmação da identificação. Foram obtidas 72 amostras, deste total, 40% foram da espécie M. duckei (29 indivíduos), 38% de M. itauba (27 ind.), 18% de M. synandra (13 ind.), Licaria sp 1. (3%) e Licaria sp 2. (1%). A distribuição diamétrica dos indivíduos de Mezilaurus spp. também seguiu o padrão exponencial negativo, porém as duas primeiras classes apresentaram valores muito semelhantes. Segundo os critérios da IUCN (2001) M. synandra deve ser considerada Menos Preocupante (LC), pois apresenta ampla distribuição e em diferentes habitats no Brasil. Mezilaurus duckei é restrita ao estado do Amazonas e apesar da contribuição do presente estudo, a mesma ainda possui poucas coletas. Devido a sua distribuição estreita, necessita de um estudo mais aprofundado, devendo a espécie ser considerada como Dados Deficientes (DD). A espécie M. itauba deve deixar de ser considerada vulnerável (VU) e passar a ser categorizada como menos Preocupante (LC), pois apresenta ampla distribuição no Brasil e em outros países amazônicos.