Combinando filogeografia e genética da paisagem para compreender a evolução de Xenopipo atronitens (Aves; Pipridae), uma espécie característica das campinas Amazônicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Capurucho, João Marcos Guimarães
Orientador(a): Ribas, Camila Cherem
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11888
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4265412Y7
Resumo: A família Pipridae (Aves: Passeriformes) é exclusivamente neotropical e suas espécies ocorrem relacionadas principalmente aos habitats florestais. Os Pipridae encontram-se filogeneticamente relacionados às superfamílias Tyrannoidae e Cotingoidae. Porém, algumas relações entre gêneros dentro da família ainda encontram-se sem resolução. Particularmente, o gênero Xenopipo encontra-se sem posicionamento definido na filogenia da família. Três espécies do gênero ocorrem na região andina: X. holochlora, X. flavicapilla e X. unicolor. Uma espécie, X. uniformis, ocorre nos Tepuis (Brasil, Guiana e Venezuela) e por fim, X. atronitens ocorre nas terras baixas da Amazônia de maneira disjunta, associada às áreas onde ocorrem solos de areia branca (campinas/campinaranas). Foi estudada a relação filogenética entre Xenopipo e os outros gêneros da família e entre algumas das espécies que compõem o gênero, a fim de propor hipóteses sobre a sua origem. Duas espécies, X. atronitens e X. uniformis, formam um clado bem suportado, confirmando a relação filogenética entre as mesmas. Porém, X. unicolor não apresentou relação definida com as demais espécies de Pipridae, nem com as outras espécies de Xenopipo. Assim, a hipótese de monofilia para gênero Xenopipo não pôde ser confirmada e sua relação com os outros gêneros de piprídeos permanece incerta. A separação entre X. atronitens e X. uniformis, ocorreu há aproximadamente 8,85 Ma antes do presente. O isolamento entre as regiões de maior altitude e as terras baixas nos Tepuis durante o Mioceno pode ter iniciado o processo de separação de X. atronitens nas campinas e campinaranas e X. uniformis nas maiores elevações, através de especiação alopátrica. As campinas são ambientes abertos estritamente associados aos solos de areia branca distribuídos de forma heterogênea por toda Amazônia. Xenopipo atronitens, uma espécie característica das campinas e campinaranas da Amazônia, foi estudada como um modelo para inferir os efeitos que mudanças climáticas no passado recente tiveram sobre espécies de aves que hoje têm hábito restrito a estas formações. Além disso, foi investigada a importância relativa das diferentes características e elementos da paisagem atual em explicar a variabilidade genética de X. atronitens. Assim, foi realizada a análise filogeográfica de X. atronitens e estudada a relação entre métricas da paisagem e a diversidade genética da espécie. Foi encontrada pouca variabilidade genética entre as populações de X. atronitens, porém é observada estruturação populacional. As principais separações ocorreram entre as margens dos rios Amazonas, Branco e Madeira. Este resultado evidenciou a importância das áreas de várzea como barreiras ao fluxo gênico entre populações. Inversamente, as áreas de terra-firme e igapó parecem ser barreiras mais permeáveis para X. atronitens. A distância geográfica também influenciou a distância genética entre populações. Xenopipo atronitens apresentou crescimento demográfico no passado recente (aprox. 25,000 anos antes do presente), o qual pode estar associado à gênese recente de áreas de areia branca, ou às variações climáticas durante o último máximo glacial. As análises da paisagem evidenciaram a importância de aspectos históricos e atuais em gerar a variabilidade genética da espécie. As populações da paisagem do Jaú foram influenciadas principalmente por fatores históricos. Enquanto que nas paisagens do Aracá e Uatumã, a variabilidade genética das populações de X. atronitens encontra-se relacionada à disponibilidade e proximidade dos habitats de campina.