Interações comportamentais e relações predador-presa entre Erythrinus erythrinus (Bloch & Schneider, 1801) e Rivulus micropus (Steindachner, 1863) na Amazônia Central brasileira
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11235 http://lattes.cnpq.br/7995742553448820 |
Resumo: | Mimetismo representa um exemplo de evolução convergente. A similaridade de um predador com sua presa pode envolver um caso de mimetismo agressivo, vulgarmente conhecido pela metáfora “lobo em pele de cordeiro”, e é conhecida para diversas espécies de peixes. Devido às semelhanças morfológicas notáveis entre duas espécies simpátricas de peixes, o presente estudo avaliou a hipótese de mimetismo agressivo entre um predador (Erythrinus erythrinus) e uma das suas presas (Rivulus micropus), que são comumente encontrados em pequenos igarapés de terra-firme e em poças temporárias na Amazônia central. Mais especificamente, o jovem E. erythrinus possui uma macha caudal semelhante à das fêmeas de R. micropus. Para a consecução dos objetivos foram utilizados diferentes métodos de amostragem, coletas de campo, experimentos de campo e experimentos laboratoriais. As amostragens de campo foram feitas na Reserva Florestal Adolpho Ducke localizada em (Manaus, Amazonas), onde foram realizadas as coletas dos peixes, registrado o tamanho, o sexo, e a abundância dessas duas espécies, bem como características físicas e químicas dos ambientes de poças. Esse estudo de campo buscou verificar se a presença de um predador potencial (E. erythrinus) influencia a estrutura populacional e razão sexual de Rivulus micropus (uma presa potencial) nas poças. Nos experimentos de campo foi avaliado o comportamento de saltar de R. micropus (entre poças próximas) como uma resposta à presença de predadores ou outros coespecíficos (machos e fêmeas). Foram montados conjuntos de seis poças artificiais para medir as distâncias percorridas por cada indivíduo por entre elas. Experimentos laboratoriais foram realizados a fim de verificar as reações de machos e fêmeas de R. micropus à presença de coespecifico do mesmo sexo ou do sexo oposto, e do predador E. erythrinus. Nas amostragens de campo, foi observado que o suposto mímico agressivo (E. erythrinus) apresenta abundância muito menor do que a da espécie modelo e presa potencial (R. micropus). A razão sexual de R. micropus não diferiu de 1:1. Foram detectadas diferenças na distância percorrida por machos e fêmeas de R. micropus em diferentes condições de coocorrência. Os machos R. micropus saltaram significativamente menos na presença de fêmeas, e significativamente mais na presença de jovens E. erythrinus quando comparados a machos e fêmeas isolados. Nos experimentos em laboratório foi observado que E. erythrinus não apresentou preferência por investir sobre machos ou fêmeas de R. micropus. No entanto, machos apresentaram comportamento de cortejo às fêmeas da própria espécie e aos jovens de E. erythrinus. Sendo assim, machos de R. micropus falham em distinguir fêmeas e predador, viii podendo ser enganados pelo padrão de coloração e comportamento de seu hipotético mímico agressivo E. erythrinus. Esse conjunto de resultados, juntamente com observações naturalísticas de comportamento dos animais, corrobora a hipótese de mimetismo agressivo entre E. erythrinus e R. micropus. No entanto, não foram encontradas evidências de que os machos sofram mais com a predação por E. erythrinus do que as fêmeas, como originalmente proposto para Rivulus agilae. O alcance geográfico de E. erythrinus coincide com várias espécies dimórficas e morfologicamente semelhantes de Rivulus, e é possível que esta relação mimética também ocorra para essas outras espécies. |