Sistemática e biogeografia do complexo automolus infuscatus (aves: furnariidae): testando hipóteses de diversificação para o neotrópico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Schultz, Eduardo de Deus
Orientador(a): Ribas, Camila Cherem
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12044
http://lattes.cnpq.br/6652618216857326
Resumo: Recentes revisões do gênero de aves neotropicais Automolus e da família Furnariidae indicaram a parafilia de A. infuscatus e revelaram um complexo de espécies englobando A. infuscatus, A.ochrolaemus, A. paraensis, A. leucophthalmus, A. lammi e A. subulatus, o último historicamente classificado no gênero Hyloctistes. O conhecimento detalhado da taxonomia, distribuição geográfica, relação filogenética e idade das divergências de um táxon possibilita explorar sua história evolutiva e testar diferentes cenários de diversificação. Diferentes hipóteses biogeográficas foram propostas para explicar os padrões de distribuição encontrados na biota das florestas de terras baixas neotropicais, onde as espécies do complexo habitam. Essas hipóteses, em geral, relacionam a diversificação das linhagens à evolução geológica da paisagem e à ciclos de expansão e retração florestal associados à variações climáticas. Nesse contexto, inferimos as relações filogenéticas, tempos de divergência e biogeografia do complexo A. infuscatus buscando desvendar a diversidade críptica dentro do complexo e revelar sua história evolutiva. Para isso sequenciamos dois marcadores mitocondriais (ND2 e cytb) e três nucleares (ACO, G3PDH e Fib7) compreendendo 302 indivíduos pertencentes a todas as espécies do complexo e a maioria das subespécies descritas. Nossas análises suportam a parafilia de A. infuscatus, indicando a existência de pelo menos dois clados distintos não relacionados proximamente. As demais espécies foram recuperadas como monofiléticas. No entanto, uma diversidade intraespecífica bem estruturada foi encontrada com 19 linhagens sugerindo uma grande diversidade críptica dentro das espécies descritas. A. subulatus foi recuperado dentro do complexo, corroborando sua manutenção no gênero. Os padrões de distribuição das linhagens encontradas combinam com padrões de distribuições conhecidos para aves de florestas de terras baixas neotropicais. Apesar de alta congruência entre distribuições de diferentes linhagens, com diversas linhagens irmãs separadas atualmente pelas mesmas barreiras, a incongruência temporal entre as divergências de linhagens coseparadas pelas mesmas barreiras revela uma história evolutiva complexa. Enquanto eventos mais antigos podem estar relacionados com o surgimento de barreiras como os Andes e os grandes rios amazônicos, diversos eventos mais recentes sugerem dispersão após a consolidação dessas barreiras. Nossas análises sugerem que o complexo teve sua origem a cerca de 6 milhões de anos (Ma) e que habitava o oeste amazônico entre o Mioceno superior e o início do Plioceno. Considerando o hábito ripário das espécies do clado irmão, o surgimento e as primeiras diversificações do complexo podem estar relacionadas ao estabelecimento de florestas de terra firme na região conforme ela mudava de uma planície de inundação para um sistema fluvial.