Biologia reprodutiva de duas espécies de Palicourea Aubl. (Rubiaceae) em floresta de terra firme na Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santos, Dariene de Lima
Orientador(a): Fischer, Erich
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Botânica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12773
http://lattes.cnpq.br/2533582832558012
Resumo: As plantas são parte da diversidade e fonte de energia para vários organismos que podem atuar positiva ou negativamente sobre o sucesso reprodutivo delas. Durante a reprodução, muitas plantas interagem com vetores de pólen e outros herbívoros, influenciando o resultado da polinização e a formação de frutos e sementes. Os objetivos deste trabalho são descrever a biologia reprodutiva de Palicourea corymbifera e P. nitidella (Rubiaceae) em sub-bosque da floresta Amazônica, e avaliar o papel que os visitantes florais e a presença de formigas exercem sobre a polinização e a produção de frutos dessas duas espécies de planta. O estudo foi realizado na reserva florestal Adolpho Ducke, Manaus, Amazonas, entre novembro de 2014 e janeiro de 2016. Palicourea corymbifera iniciou a floração em junho e apresentou pico em setembro quando os primeiros indivíduos iniciaram frutificação, ao passo que P. nitidella floresceu a partir de setembro e frutificou a partir de novembro. As populações de ambas as espécies apresentaram distilia, contudo, P. nitidella apresentou dois morfos semi-homostílicos adicionais, nomeados aqui “variante brevistilo” (VB) e “variante longistilo” (VL). Palicourea corymbifera e P. nitidella apresentaram autoincompatibilidade, embora os morfos variantes tenham formado 1 a 2% de frutos por geitonogamia. Os morfos VB e VL apresentaram relação peculiar de incompatibilidade entre eles e os demais morfos, uma vez que VL foi compatível com pólen dos morfos brevistilo e VB, mas incompatível com pólen dos morfos (VL) e longistilo. As flores das duas espécies são crepusculares diurnas, tubulares e inodoras; a concentração de açúcares no néctar variou de 17 e 26%. Beija-flores, abelhas e borboletas visitaram flores de P. corymbifera e P. nitidella. Baseado no comportamento de visitas e no contato com anteras e estigmas, os beija-flores foram os principais polinizadores e algumas espécies de abelhas foram ladrões de néctar ou pólen. Treze e dez espécies de formigas patrulharam e visitaram nectários pericárpicos nas inflorescências de P. corymbifera e P. nitidella, respectivamente. Por meio de experimentos com controle da presença/ausência de formigas, a formação de frutos apresentou mais sucesso em inflorescências com formigas presentes que naquelas com formigas ausentes. Entretanto, a composição de espécies visitantes e o total de visitas por flor não apresentaram diferença significativa entre inflorescências com formigas presentes ou ausentes. Por outro lado, a composição de espécies visitantes diferiu entre P. corymbifera e P. nitidella apesar dessas plantas compartilharem várias espécies visitantes. Além disso, o número de visitas de abelhas e borboletas por flor foi maior nas inflorescências de P. nitidella do que nas de P. corymbifera, mas o número de visitas de beija-flores por flor não diferiu entre elas. Em geral, a presença de formigas não apresenta efeitos perceptíveis sobre as espécies visitantes de Palicourea ou sobre suas frequências de visitas, portanto o aumento da formação de frutos na presença de formigas parece ser relacionado com a proteção conferida por elas contra outros herbívoros. A grande frequência de abelhas, que são menos eficientes para polinizações legítimas em espécies distílicas, poderiam explicar a ocorrência de morfos semi-homostílicos em P. nitidella, visto que a eficiência no fluxo de pólen intermorfo pelas abelhas pode ser reduzido, levando consequentemente a quebra da distilia.