Evolução do desmatamento em áreas protegidas sob influência da rodovia BR-319, na região de Vila Realidade, Humaitá, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Marcelo Geison dos
Orientador(a): Graça, Paulo Maurício Lima de Alencastro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia - GAP
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12906
Resumo: O desmatamento na Amazônia é causado por diversas atividades, algumas de maior e outras de menor impacto. Dentre essas atividades estão a agricultura, pecuária e urbanização, dentre estas as obras de infraestruturas. A relação entre as rodovias oficiais e o desmatamento é alta e estudos indicam que a reabertura da rodovia BR-319 que liga Porto Velho a Manaus prevê impactos irreversíveis, sendo que o desmatamento em áreas protegidas, causado pelo processo de ocupação da rodovia é o que se procura quantificar nesse estudo, assim como analisar a dinâmica de ocupação na área a ser estudada. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi analisar a evolução do desmatamento dentro e fora das áreas protegidas causado pelo processo de ocupação da rodovia BR-319, na vila Realidade e áreas adjacentes, nos períodos anterior e posterior ao anúncio da reconstrução da rodovia (2006). A área de estudo é formada por um polígono cujo segmento central é um trecho da BR-319 com 100 km de comprimento, partindo do entroncamento com a BR-230 em direção a Manaus, abrangendo a vila Realidade e fazendo interseção com a Floresta Nacional de Balata-Tufari e a Floresta Estadual Tapauá. O desmatamento na área de estudo foi calculado a partir da utilização dos dados do PRODES até o ano de 2016, sendo realizadas análises para o período anterior ao ano de 2006 e para o período posterior (2006 a 2016), no intuito de verificar a evolução do desmatamento e o efeito do anúncio da reconstrução da rodovia. Para analisar o efeito inibitório das áreas protegidas, foi criada uma faixa de 10 km ao entorno (buffer) dos limites das áreas protegidas, tanto na parte interna como na parte externa de cada área protegida. Como resultado das análises, foi identificado que o desmatamento acumulado na área de estudo não aumentou significativamente no ano do anúncio da reconstrução da BR-319. No entanto, a partir do ano de 2014, que foi o ano da liberação do licenciamento ambiental para o início das obras de manutenção/conservação da rodovia houve um incremento de 2.212 hectares num intervalo de apenas 3 (três) anos, representando 43% de todo o desmatamento calculado entre os anos de 2001 a 2016. A maior concentração de polígonos de desmatamento acumulado foi identificada na localidade de Vila Realidade e seu entorno. A análise espacial demonstrou que 88,7% do desmatamento acumulado até o ano de 2016 ocorreu em uma faixa de distância de até 5,5 km das rodovias oficiais (BR-319 e BR-230) e/ou de até 1,0 km de rios navegáveis, dos quais 68,9% estão relacionados a desmatamentos na área de influência da rodovia BR-319. O desmatamento fora das unidades foi superior ao desmatamento detectado dentro das unidades, considerando faixas interna e externa de 10 km no limite das áreas protegidas. Para a FLONA Balata-Tufari os valores das taxas de desmatamento variaram de 27,7 a 31,1 vezes maior fora da unidade de conservação do que no seu interior e para a FES Tapauá a variação nas taxas de desmatamento foi de 11,4 a 12 vezes maior fora da unidade de conservação do que no seu interior. A análise espacial demonstrou que os polígonos de desmatamento encontrados na faixa interna ocorreram em sua maioria às margens do rio Ipixuna, enquanto que na faixa externa a maior ocorrência de desmatamento se deu nas proximidades das rodovias BR-319 e BR-230. Quanto à análise da dinâmica de uso e ocupação do solo nos desflorestamentos quantificados na área de estudo, realizada a partir dos dados do programa TerraClass 2014, os resultados mostraram que 48% das áreas estão classificadas como Vegetação Secundária e 32,1% estão classificadas como pastagem. As estradas se mostram uma indutora do desmatamento, podendo ser uma grande ameaça à biodiversidade desta região e as áreas protegidas exercem papel relevante como estratégia de conservação.