Efeito do contraste da plumagem com ambiente de fundo: o caso do Dançador-estrela (Lepidothrix serena, Aves: Pipridae) na Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Rodrigues, Wanner Medeiros
Orientador(a): Anciaes, Marina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11909
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4450967U0
Resumo: A hipótese de favorecimento sensorial prevê que indivíduos selecionem locais e momentos nos quais são mais aparentes para as fêmeas para apresentarem seus rituais de corte. Esta hipótese foi levantada em diversos estudos com vertebrados, e é comprovada como promotora de evolução baseada em seleção sexual em espécies de peixes. No entanto, permanece não comprovada para espécies terrestres. Aqui testamos estas predições evolutivas da hipótese para uma espécie de passeriforme amazônico o Dançador-estrela (Aves: Pipridae). Esta espécie foi fruto de diversos estudos comportamentais, inclusive da hipótese de favorecimento sensorial. No entanto, com o passar das décadas, novas técnicas de estimativas de cores surgiram, e novas conclusões podem ser distintas de resultados já publicados na literatura. Além disso, variações geográficas de comportamento podem resultar na comprovação da hipótese apenas para algumas populações da espécie. Aqui testamos algumas das predições da hipótese de favorecimento sensorial, com estimativas do contraste cromático à curta (entre plumagem e objetos do plano de fundo) e longa (entre plumagem e luz ambiente) distâncias, utilizando uma simulação de espaço de cor tetracromático proposto para visão de aves. Testamos o efeito dos principais tipos de ambientes de luz no habitat da espécie, bem como o efeito de cada mancha da plumagem no contraste dos machos. Estimamos ainda a variação em brilho, ambos entre locais e momentos utilizados na corte dos organismos. Por fim, aferimos o efeito do contraste de cor e do brilho total em variáveis comportamentais, como taxa de atividades e número de indivíduos presentes nos leks. As análises foram realizadas numa abordagem de máxima verossimilhança com modelos lineares mixtos generalizados. Nossos resultados mostram que o contraste de fêmeas é minimizado e o de machos maximizado durante a estação reprodutiva. Não houve variação no contraste a longa distância entre locais de lek e locais sem lek, e ainda não houve variação em contraste quando comparamos momentos usados pela espécie contra momentos não usados. O melhor modelo para variação de taxa de atividades foi o nulo. O contraste de longa distância foi explicado em função da taxa de atividade dos organismos, dos momentos com atividade, das áreas de estudo e do tipo de luz irradiante, sendo que as áreas de estudo diferem em tipo de luz, visto que uma tipologia luminosa fora apenas aferida em uma das áreas de estudo. O brilho a longa distância variou em função de tipo de luz, momentos com atividade e áreas de estudo. As análises de curta distância mostram que a atividade variou entre os locais e pela quantidade de indivíduos visitando os leks, enquanto não houve modelo de medida de contraste à curta distância que se destacasse em relação ao nulo. O brilho dos objetos do plano de fundo variou em função da saturação e da cor dos objetos, da região do substrato, do contraste cromático e das áreas de estudo, enquanto o contraste de cada mancha da plumagem foi função de sua cor e do tipo de luz. Nossos resultados mostram que a hipótese não promove seleção de hábitat que favoreça o contraste a curta distância, e que não há seleção de horários ou locais em resposta ao favorecimento sensorial. Em contrapartida, o período do ano com pico de atividades da espécie é aquele que promove maior contraste dos machos, e menor das fêmeas, apesar destes valores serem altos em ambos os casos e, portanto, os organismos serem bastante conspícuos dentro e fora da estação reprodutiva. Apontamos quatro forças seletivas não-exclusivas possivelmente associadas a tais resultados: 1) seleção natural para reduzir risco de predação de fêmeas e filhotes, uma vez que seus contrastes são reduzidos na estação, com maior frequência de ambientes com Sombra da Vegetação; 2) seleção natural para maior contraste dos machos, reduzindo o custo da busca de fêmeas por machos (de acordo com a hipótese do direcionamento sensorial); 3) seleção de fêmeas por períodos sem chuva, o que criaria vantagens adaptativas por menor gasto energético com reprodução; ou ainda 4) fatores estocásticos, como os promovidos pelo mecanismo de seleção runaway de Fisher. Além disso, variações no contraste da plumagem foram explicadas por propriedades inerentes das próprias plumagens, indicando que a sinalização de cores é mais dependente do organismo que do ambiente.