Balanço de água na Amazônia: o papel do desflorestamento e das mudanças climáticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gomes, Wesley de Brito
Orientador(a): Correa, Francisco Wagner da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Clima e Ambiente - CLIAMB
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12617
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo de modelagem climática e hidrológica a fim de avaliar os impactos decorrentes do aumento dos gases do efeito estufa GEE’s (cenário RCP 8.5) e cenários futuros de desflorestamentos no balanço de água na bacia Amazônica, com ênfase na bacia do Rio Madeira. Para isso, utilizou-se Modelo Regional Eta e o Modelo Hidrológico de Grandes Bacias (MGB-IPH), forçado com o Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre (Brazilian Earth System Model Ocean-Atmosphere) versão 2.5. No clima presente, o modelo regional Eta conseguiu representar as características de sumidouro de umidade na bacia Amazônica, apresentando taxas de precipitação maior que a evapotranspiração. No cenário RCP 8.5 (desflorestamento 2015), o modelo apresentou sensibilidade na temperatura sobre toda a América do Sul, com aumento mais intenso sobre a bacia Amazônica (4-5°C). Neste cenário, a precipitação reduziu 11%, a evapotranspiração 6% e a convergência de umidade 9%. As mudanças no balanço de água foram intensificadas nos cenários futuros de desflorestamentos, mostrando que o aumento dos GEE’s e as mudanças no uso da terra contribuíram sinergicamente para alterar o balanço de água sobre a bacia Amazônica. Com os desflorestamentos, observaram-se reduções de 13% (2050) e 19% (2100) na precipitação, e de 12% (2050) e 20% (2100) na evapotranspiração sobre a bacia. Predominou-se o Mecanismo de Retroalimentação Negativo (MRN) na inclusão dos desflorestamentos, no qual, a redução relativa na evapotranspiração foi maior que a redução na precipitação conduzindo a um aumento na convergência de umidade sobre a região. Apesar das mudanças na circulação regional, e consequentemente no transporte e convergência de umidade, os efeitos da redução na evapotranspiração nos cenários de desflorestamento foram mais importantes para redução da precipitação. Nos processos hidrológicos sobre a bacia do rio Madeira, observou-se aumento das descargas na maioria das estações fluviométricas em todos os cenários. O aumento na precipitação à montante da bacia e as mudanças nos parâmetros do solo, associada às alterações no uso da terra, contribuíram para o aumento das descargas e da área de inundação sobre a bacia do Madeira. As mudanças no balanço de água na Amazônia, principalmente sobre a bacia do Madeira, devido aos fatores antropogênicos se caracterizam um cenário preocupante, pois podem desencadear alterações significativas nos ecossistemas naturais amazônicos. Se as políticas públicas de conservação não agirem no sentido de deter a degradação ambiental (desflorestamento) e reduzir as emissões dos gases doefeito pela queima de combustíveis fósseis, as alterações no ciclo da água podem ter efeitos negativos com prejuízos e danos no meio ambiente, nos recursos hídricos, nos principais setores da economia (agricultura, indústria, navegação fluvial, geração de energia elétrica), afetando de forma direta as comunidades que vivem às margens dos rios, principalmente as populações vulneráveis da bacia Amazônica.