Efeito do ambiente e da posição longitudinal sobre a distribuição de peixes em uma microbacia da Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Couto, Thiago Belisário d’Araújo
Orientador(a): Ferraz, Gonçalo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11904
http://lattes.cnpq.br/9414973039629288
Resumo: Estudos ecológicos em múltiplas escalas podem complementar os estudos tradicionais limitados a uma única escala, elucidando interações importantes entre as escalas que afetam a distribuição das espécies. Tanto o gradiente longitudinal, i.e. mudanças físicas, químicas e biológicas associadas com o aumento da largura e profundidade ao longo do curso de água (escala de segmento), quanto as características locais dos ambientes (e.g. corredeiras, poções; escala de mesohabitat) são conhecidos por afetar de forma independente a distribuição das espécies de peixes em riachos. Porém, ainda não é claro se e como o gradiente longitudinal e o ambiente local interagem quando ambas as escalas são vistas em conjunto. O conhecimento das possíveis interações entre ocorrência/detectabilidade de espécies ao longo do gradiente longitudinal e ocorrência/detectabilidade entre ambientes locais em um determinado nível do gradiente pode revelar importantes processos que afetam a distribuição de espécies e métodos de amostragem em riachos. Nesse estudo, nós quantificamos as possíveis interações entre a escala de mesohabitat e de segmento com um desenho amostral de ocupação de sítios em uma microbacia de floresta não inundável na Amazônia Central, Brasil. Nossa análise representa explicitamente a possibilidade de falhas de detecção de espécies, com estimativas de probabilidade de ocupação e detecção de espécies em dois tipos de ambientes locais (canal principal e poças temporárias) em segmentos de igarapés que variam de primeira à quarta ordem. Modelamos a assembleia e cada uma das 18 espécies de peixes que usam poças como níveis hierárquicos de um modelo multiespecífico. Encontramos evidências de interação entre a posição longitudinal e ocupação de ambiente local para a assembleia de peixes e para oito espécies, com um aumento da probabilidade de ocupação a jusante nos dois ambientes. Ainda, encontramos evidências de interação entre a posição longitudinal e o ambiente na detecção, com uma diminuição a jusante da probabilidade de detecção no canal para a assembleia e para 15 espécies. O aumento mais rápido a jusante da probabilidade de ocupação do canal é atribuído a mudanças expressivas nas características hidrológicas, como a velocidade da água e profundidade, que varia mais ao longo do gradiente no canal do que nas poças. Além disso, observamos para quase todas as espécies relações opostas entre as probabilidades de ocupação e de detecção. Assim, defendemos que as mudanças na detecção de espécies ao longo de gradientes ecológicos, como as limitações longitudinais de amostragem de peixes causada pela profundidade, podem facilmente distorcer os resultados que utilizam dados de detecção/não-detecção de espécies e devem ser considerados em pesquisas ecológicas que lidam com o efeito de gradientes ambientais.