Cenários de emissões de gases de efeito estufa no Estado de Roraima, Brasil (2000 a 2050)
Ano de defesa: | 2015 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Clima e Ambiente - CLIAMB
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12948 http://lattes.cnpq.br/5113292838828897 |
Resumo: | O aumento da emissão de gases do efeito estufa (GEE) vem causando mudanças climáticas globais. Mitigação e adaptação dos efeitos climáticos exigem estimativas de emissões de GEE acuradas e em uma escala de aplicação local. As incertezas relacionadas às atuais estimativas das emissões por mudança de uso da terra são principalmente devido à não inclusão de impactos decorrentes de incêndios florestais, à escala espacial adotada nas medidas de área desmatada e ao estoque de carbono contido na biomassa florestal. Neste estudo foi traçada uma estratégia para melhorar as estimativas de emissões de GEE para a atmosfera em Roraima, norte da Amazônia brasileira, aumentando a resolução espacial para detecção dos desmatamentos e dos incêndios florestais, além de ajustes nos estoques de biomassa / carbono em sistemas florestais. Todas estas variáveis foram integradas na forma de cenários de emissões de GEE tomando como base o período de 2000 a 2010 (dados observados), e simulados em quatro cenários ao longo do período de 2011 a 2050 (preditos). A área geográfica que serviu como área focal do estudo foi inclusiva para todos os sistemas florestais sem qualquer tipo de proteção ambiental, e excludente para sistemas não florestais (savanas e campinas), cursos d‘água, unidades de conservação e terras indígenas. Todos os desmatamentos e incêndios florestais de sub-bosque verificados na área focal foram mapeados anualmente (resolução ≥ 1 ha) utilizando como referência imagens de satélite Landsat TM/ETM entre os anos de 2000 a 2010. As ocorrências de desmatamentos e incêndios florestais foram distintas por zonas fitoclimáticas, aqui definidas como regiões de grupos de florestas distribuídas por distintos tipos climáticos reconhecidos para Roraima. Testes estatísticos foram providenciados para a avaliação dos efeitos das zonas fitoclimáticas na magnitude e na frequência de áreas desmatadas e incendiadas anualmente, e nos estoques de biomassa/carbono. Os desmatamentos não foram distintos pelas zonas fitoclimáticas, mas os incêndios florestais foram significativamente maiores na zona caracterizada pela presença de florestas sazonais e ecótonos distribuídas em áreas de maior déficit hídrico. Na modelagem da espacialização do estoque de biomassa florestal original (viva+morta; acima+abaixo do solo) foi utilizada a base de inventários florestais de volume comercial de madeira disponível para o Estado. A biomassa foi quantificada no nível de fitofisionomias florestais (grupos florestais) e uso da terra, e espacializada por técnicas de geoestatística. Biomassa foi distinta entre grupos florestais e uso da terra, onde TI e UC podem cumprir um importante papel de mitigação dos efeitos do aquecimento global devido ao grande estoque de biomassa presente em seus limites. As estimativas das emissões de GEE (CO2, CH4 e N2O) para a atmosfera foram realizadas utilizando a abordagem do balanço anual. No período inicial (2000-2010) foi observado que as maiores emissões aconteceram em anos de El Niño (fortes secas), desencadeando a ocorrência de grandes incêndios florestais. Na estimativa de emissões do período seguinte (2011-2050), o cenário de governança (MT-GOV) simulou o controle do desmatamento conforme compromisso assumido pelo Brasil em 2009 em Copenhagen reduzindo as taxas de desmatamento em 80% da linha de base de 2005. As emissões de GEE também foram reduzidas na mesma proporção. O cenário ―negócios como sempre-intermediário‖ (MT-BAU-i ou Business As Usual-i), simulou o aumento no desmatamento e emissões de GEE em função do aumento da migração para o Estado devido a reconstrução e asfaltamento da BR-319 (Porto Velho-RO - Manaus-AM). Por outro lado, os cenários RD-GOV (governança) e RD-BAU (negócios como sempre), simularam o crescimento continuo do desmatamento e emissões de GEE em função do crescimento da atividade agropecuária sobre as áreas de floresta. O cenário RD-GOV utilizou apenas 50% do valor das taxas de crescimento do gado e da agricultura utilizada pelo RD-BAU. O cenário RD-BAU foi o de maior emissão de GEE entre todos os cenários, simulando o crescimento desordenado da atividade agropecuária. A partir dos resultados observados no intervalo 2000-2010 e dos cenários de emissão de 2011 a 2050, conclui-se que as maiores emissões de GEE estão relacionadas com a zona fitoclimática de maior déficit hídrico e com presença de grupos florestais sazonais e ecótonos. Esta zona é a mais próxima de Boa Vista (capital de Roraima) e concentra os maiores índices populacionais. Os cenários também indicaram que a zona fitoclimática de menor déficit hídrico, dominada por grupos florestais ombrófilos, dependerá das decisões tomadas pelo governo estadual para aplicação de políticas públicas de contenção e controle do desmatamento, para reordenamento fundiário e da atividade agropecuária no Estado. O rearranjo da política agrícola estadual está diretamente ligado ao impacto da reabertura da BR-319 para o sul de Roraima, que deverá provocar um substancial aumento populacional e um consequente aumento da demanda por terras. O refinamento da escala de trabalho para detecção de áreas desmatadas, a inclusão dos incêndios florestais e os ajustes nos cálculos de estoques de biomassa/carbono foram importantes para melhoria das estimativas de emissão de GEE dentro dos quatro cenários propostos neste estudo. Os resultados aqui apresentados fornecem um melhor embasamento para tomadas de decisões que devem ser realizadas pelo poder público local e federal. |