Dinâmica sazonal do metilmercúrio em ecossistemas fluviais amazônicos.
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Ecologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12225 http://lattes.cnpq.br/8304838268204675 |
Resumo: | Rios amazônicos são caracterizados pela alta diversidade natural de qualidade da água entre as sub-bacias. Áreas alagáveis extensas associadas a estes rios são inundadas sazonalmente levando à estratificação termal, que combinada com o grande aporte de matéria orgânica alóctone resulta em condições anóxicas especialmente propícias à metilação do mercúrio (Hg). A grande variação sazonal e espacial das condições limnológicas e a natureza relativamente preservada da maioria das bacias de drenagem tornam os rios amazônicos locais interessantes para o estudo da dinâmica natural do metilmercúrio (MeHg). A enorme vazão dos rios amazônicos também faz deles locais interessantes para os represamentos hidrelétricos. No Brasil, um grande percentual da energia elétrica vem de hidroelétricas, e muitas delas têm sido planejadas ou construídas nos rios amazônicos. Barramentos podem ter um grande impacto na dinâmica do MeHg do rio, acima e abaixo da barragem. Estudos tem demonstrado que os rios à jusante de uma barragem podem ser mais contaminados por Hg do que o próprio reservatório. Entretanto, não é claro até que distância esta contaminação ocorre à jusante e como ela varia sazonalmente. Este estudo objetivou investigar a influência do pulso de inundação sazonal e as variações associadas aos parâmetros limnológicos sobre a dinâmica do MeHg nos principais tributários brasileiros do rio Amazonas. Este também objetivou investigar os efeitos do represamento na dinâmica e bioacumulação do MeHg acima e abaixo da barragem do reservatório de Balbina. Amostras de água foram coletadas ao longo do rio Amazonas e nos seus principais tributários brasileiros (n = 38) durante duas fases distintas do ciclo do pulso de inundação (estações cheia e seca). Água, plâncton e peixes foram coletados ao longo de um ano no reservatório de Balbina e em diferentes locais entre 0,5 e 250 km à jusante da barragem. Condições limnológicas foram medidas paralelamente à coleta de água em cada local. A concentração de MeHg na água dos rios variou entre 0,02 e 0,76 ng.L-1. Estas concentrações aumentaram com a cota dos rios (r2 = 0,528%; p < 0,0001) e diminuíram com as concentrações de oxigênio dissolvido (regressão múltipla: F = 11,5; r2 = 0,443; p < 0,001). O transporte de MeHg foi muito maior em todos os rios na cheia, devido às maiores concentrações de MeHg e de vazão da água, demonstrando a influência dominante do pulso de inundação do rio sobre a dinâmica do MeHg no sistema fluvial. As concentrações de MeHg na água do reservatório de Balbina foram substancialmente maiores no hipolímnio anóxico quando comparado com o epilímnio. As altas concentrações de MeHg na água do hipolímnio exportado do reservatório para o rio diminuíram gradualmente para concentrações base a 200 km à jusante da barragem. Uma distribuição uniforme do MeHg e do oxigênio foram encontradas ao longo das diferentes profundidades do reservatório somente durante a estação chuvosa quando a mistura vertical foi grande e coincidiu com concentrações de MeHg uniformes ao longo do rio à jusante da barragem. Concentrações de MeHg no plâncton e de Hg total nos peixes dos locais à jusante foram maiores do que os valores do reservatório, sugerindo que o MeHg exportado da barragem foi acumulado pela biota. As concentrações de MeHg em ambos sistemas, rios naturais e represado, foram influenciadas pela sazonalidade e o oxigênio dissolvido foi o principal preditor da variação. Nos tributários do rio Amazonas, o nível da água dos rios influencia na disponibilidade de áreas alagáveis, que altera os parâmetros limnológicos, especialmente o oxigênio dissolvido, e a dinâmica do MeHg. No reservatório de Balbina, onde o nível da água é controlado manualmente, as épocas de chuva e seca influenciam a limnologia do reservatório, e, consequentemente, a dinâmica do MeHg. A influência da hidrelétrica nas concentrações de MeHg diminui ao longo do rio à jusante, enquanto que aumenta a influência da inundação das áreas alagáveis naturais. |