Estudo etnobotânico e físico-químico da batata-mairá (Casimirella spp. –Icacinaceae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ribeiro, Ricardo Gomes
Orientador(a): Kinupp, Valdely Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Botânica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12750
http://lattes.cnpq.br/7072728389804113
Resumo: A batata-mairá (Casimirella spp.) é uma liana endêmica da Amazônia, uma espécie amilácea que produz um órgão subterrâneo de reserva que se destaca pelo tamanho, podendo chegar a mais de 200 kg. Desta raiz tuberosa, diferentes etnias extraíam e ainda extraem a fécula e a farinha, obtendo da espécie uma importante fonte de carboidrato. Apesar do importante e amplo uso histórico, pouco se conhece sobre a espécie, tanto popular quanto cientificamente. O presente trabalho se propôs a fazer um levantamento etnobotânico e a caracterização físico-química da batata-mairá. Foram entrevistados, na cidade de Lábrea, região do médio Purus/AM, representantes de quatro etnias: Paumari, Apurinã, Jamamadi e Jarawara. Todos os colaboradores enfatizaram a importância da espécie na alimentação dos antepassados, a qual era consumida no dia a dia, além do uso como remédio para tratamento da diarreia e picadas de animais peçonhentos. A forma de extração da fécula relatada foi muito semelhante entre as diferentes etnias. Apenas os Apurinã informaram a existência de cultivo (propagação vegetativa) e manejo, onde a liana era mantida viva nos roçados podendo ter ocorrido, portanto, uma domesticação incipiente da espécie. Relataram ainda ser uma planta abundante na região. Os dados do estudo físico-químico indicam que a raiz tuberosa é fonte de amido (68,23% em base seca). O rendimento obtido da extração da fécula foi de até 15,4%, a qual possui concentrações minerais de cálcio, cobre, ferro, manganês e zinco superiores à fécula da mandioca e batatainglesa. O teste de toxidez revelou que a partir da quinta lavagem da fécula, o material extraído do sobrenadante é atóxico para Artemia salina. As propriedades funcionais do amido revelaram grânulos que possuem estabilidade à ação térmica e mecânica, e são relativamente grandes com o tamanho médio de 24,48 µm, possuindo alto teor de amilose (38%). Esses dois últimos fatores contribuem, segundo a literatura, para uma baixa digestibilidade, o que indica a batata-mairá como fonte de carboidratos mais saudáveis