Efeitos histopatológicos dos agrotóxicos deltametrina, imidacloprido, glifosato e diuron nas brânquias de quatro espécies de peixes amazônicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Ferreira, Leonardo da Silva Valente
Orientador(a): Domingos, Fabiola Xochilt Valdez
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11368
http://lattes.cnpq.br/2361383862853017
Resumo: Nos últimos anos a atividade de agricultura na Amazônia intensificou-se para suprir a demanda de alimento na região. Contudo, esse crescimento levou ao uso intensivo de agrotóxicos. Além dos riscos diretos para a saúde humana é possível que esteja acontecendo a contaminação dos peixes pelos agrotóxicos que atingem os ambientes aquáticos. Análises histológicas tem se revelado uma importante ferramenta para compreender e identificar os efeitos subtelais de poluentes aquáticos. Neste estudo avaliamos como os principais agrotóxicos comercializados em Manaus (deltametrina, imidacloprido, glifosato e diuron) alteram a morfologia das brânquias de quatro espécies de peixes amazônicos após exposição subletal. Material e Métodos: As espécies Carnegiella strigata, Paracheirodon axelrodi, Hemigrammus rhodostomus e Colossoma macropomum foram expostas à concentrações subletais de deltametrina, imidacloprido, glifosato e diuron por 96 horas. Foram realizadas análises histopatológicas semi-quantitativas em microscopia ótica (MO) e qualitativas em microscopia eletrônica de varredura (MEV) e transmissão (MET). Foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis para identificar se houve diferença nos índices de lesão entre os grupos tratados e controle de cada espécie e o pós teste de Dunn para identificar quais grupos foram diferentes do controle. Resultado e discussão. As lesões observadas foram comuns em todos os tratamentos e espécies. Em MO foram observadas elevação do epitélio, hipertrofia e hiperplasia e fusões lamelares. Em MEV, perda das interdigitações nos filamentos e fusões lamelares. Em MET, descolamento do epitélio, espaços intercelulares dilatados, hiperplasia de células ricas em mitocôndrias e vacuolização intracelular. Estas lesões foram comuns às quatro espécies e funcionam como barreiras à entrada do agrotóxico e mecanismo compensatório para reestabelecer a função branquial, no entanto podem comprometer a saúde dos peixes. Alguns estudos relatam os mesmos efeitos histopatológicos em outras espécies de peixes causados por glifosato e deltametrina em concentrações similares. O índice de lesão branquial foi significativamente maior em Hemigrammus rhodostomus expostos aoimidacloprido e glifosato e em Colossoma macropomum expostos ao imidacloprido, deltametrina e diuron (p<0,05). Paracheirodon axelrodi e Carnegiella strigata apresentaram efeito sugestivo após exposição ao glifosato (ambos) e deltametrina (somente, Carnegiella strigata)(0,05<p<0,1). Colossoma macropomum apresentou lesões mediante exposição de três dos quatro agrotóxicos avaliados sendo considerada a espécie mais sensível se comparada às demais. Esta maior vulnerabilidade pode estar relacionada com o estágio de vida da espécie, já que foram utilizados alevinos enquanto que para as demais espécies foram utilizados adultos nos experimentos. A espécie mais resistente foi Paracheirodon axelrodi, alguns trabalhos mostram que este gênero possui características fisiológicas e comportamentais que poderiam favorecê-lo a resistir diante da exposição aos agrotóxicos. O glifosato foi considerado mais tóxico causando histopatologias em 3 das 4 espécies avaliadas. Conclusão: O agrotóxico glifosato induziu lesões em mais espécies sendo considerado mais tóxico que os demais. A espécie Paracheirodon axelrodi foi a mais resistente e Colossoma macropomum a mais sensível à exposição aos 4 agrotóxicos. As lesões branquiais observadas são consideradas de leves a moderadas e apresentam potencial de serem reversíveis na ausência dos agrotóxicos.