Análise do padrão de incidência da malária e sua relação com fatores climáticos e hidrológicos em escala sub-regional e local na bacia do Rio Negro
Ano de defesa: | 2015 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Clima e Ambiente - CLIAMB
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12689 http://lattes.cnpq.br/4055783485091371 |
Resumo: | A malária humana é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos ao homem pela picada de fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles. A dinâmica entre as fases aquática e terrestre do ciclo de vida dos anofelinos envolve variáveis ambientais que atuam sobre suas populações e assim sobre a transmissão da malária. Dessa forma, a composição das paisagens e fatores ambientais atuam indiretamente sobre a transmissão. Neste trabalho foram utilizados dados de casos de malária autóctone obtidos do banco de dados SIVEP-Malária a uma base mensal e a partir de localidades. Grupos próximos de localidades compreenderam uma região e assim foram selecionadas três regiões ao longo do rio Negro, no estado do Amazonas. No alto rio Negro uma região foi selecionada na cidade de São Gabriel da Cachoeira (SGC), no médio rio Negro uma região na cidade de Barcelos (BARC) e no baixo rio Negro, uma região na cidade de Manaus. Esta última no lago do Puraquequara (PRQQ), um lago sob efeito de barramento de Rio. As variáveis independentes (VI) foram cota, temperatura do ar e precipitação em valores mensais no período de 2003 a 2013. Foram usadas as escalas sub-regional (as 3 regiões) e local (11 localidades ao redor do PRQQ e uma ao redor do lago do Aleixo). Na escala sub-regional foram analisadas as sazonalidades da malária e das VIs por meio da aplicação de médias, decomposição de séries temporais, correlações cruzadas e modelos de regressão múltipla. No alto rio Negro, região SGC, não apresentou resultados estatísticos, mas as médias mensais surgerem que precipitação e temperatura do ar afetam positivamente a incidência da malária. O primeiro associado à disponibilidade de hábitats reprodutivos, devido à abundância natural de fontes de água e igarapés reforçada pelo forte aumento de atividades de piscicultura e o segundo associado ao desenvolvimento de vetores e patógenos. No alto e médio rio Negro, respectively regiões BARC e PRQQ, todas as variáveis foram correlacionadas com a incidência da malária, estando o nível do rio correlacionado positivamente e a temperatura correlacionada negativamente em ambas as regiões, enquanto a precipitação foi correlacionada negativamente em BARC e positivamente no PRQQ. Enquanto o nível do rio favorece a formação de sítios reprodutivos, a precipitação pode favorecer ou danificá-los. A correlação negativa da temperatura foi associada à incidência pós-pico anual, quando alcança médias mensais acima de 28.5 o C e sugere um efeito combinado de variáveis sobre a incidência, pois temperaturas mais altas ocorrem ao mesmo tempo em que valores de precipitação e nível do rio são os mais baixos. Diferenças de sinal e defasagem das correlações indicam que características locais das paisagens afetaram a forma como variáveis climáticas influenciaram nos cilcos de vida do vetor e do patógeno e, assim, na incidência da malária. Na escala local foram analisadas médias e utilizados modelos mistos. Em três pontos foram feitas medidas de temperatura do ar e observações da subida e descida das águas do Lago e em um quarto ponto foram feitas medidas da cota do Lago. Onze localidades sofreram efeito significativo da cota e a segunda VI mais significativa foi a precipitação, que afetou seis localidades; quatro delas em ambientes de igarapés. Para a variável precipitação, não houve resultado significativo quando analisado o Lago, mas sim quando analisada cada localidade. A coincidência entre localidades sob efeito de precipitação e as localidades formadas por igarapés sugere que a precipitação tenha efeito em escala ainda mais localizada, pois a chuva tem impacto maior e mais rápido quanto mais próximo estiver da cabeceira. A análise das médias sugere que as 12 localidades têm 3 formas de sazonalidade e que o tipo de sazonalidade é efeito da distância que a localidade está do Rio. Conclui-se que fatores hidrológicos e climáticos atuam de forma diferenciada entre regiões como resposta a características específicas da paisagem e que mudanças de escalas espaciais analisadas no mesmo local e tempo, refletem diferentes efeitos ambientais sobre os casos de malária. |