Influência de informações químicas interespecíficas no comportamento de predadores intraguilda (Araneae: Lycosidae: Trochosa spp. C.L. Koch 1847) em resposta à assimetria de tamanho e ao estado alimentar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Silva, Michael Wanderlei da
Orientador(a): Chilson, Elizabeth Franklin
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Entomologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12430
http://lattes.cnpq.br/2565677202064343
Resumo: A detecção indireta de presas e predadores através de aleloquímicos pode ter uma importante influência na coexistência de aranhas errantes que incorrem em mútua predação intraguilda, como licosídeos. Entretanto, aspectos desta interação foram estudados apenas em poucas espécies de aranhas-lobo. A detecção de aleloquímicos permite a avaliação entre o risco de predação e o benefício da presença de presas, o que pode gerar comportamentos de preferência e evasão de sítios nestas aranhas. O risco de predação entre um par de aranhas, frequentemente, está relacionado à assimetria de tamanho e ao estado alimentar, de modo que o sucesso de predação aumenta quanto maior e mais faminta for uma aranha em relação à outra. Determinamos a influência da assimetria de tamanho e do estado alimentar sobre o comportamento de preferência ou evasão de sítios, orientado pela captação mútua de aleloquímicos, em aranhas-lobo que podem se envolver em predação intraguilda simétrica: Trochosa sp. 1 (de menor porte) e Trochosa sp. 3 (de maior porte). Cada morfoespécie foi submetida a diferentes condições de assimetria de tamanho entre a receptora e a emissora de aleloquímicos, e, de estado alimentar da receptora (20 réplicas/tratamento): menor/faminta, menor/saciada, maior/faminta, e, maior/saciada. Todas as aranhas foram mantidas em laboratório, sob fotoperíodo de 12 h claro/12 h escuro, por no mínimo sete dias antes de serem utilizadas em um ensaio. A coleta de aleloquímicos foi realizada através do confinamento de cada aranha doadora a um recipiente com a superfície inferior forrada com papel filtro, por 48 horas. Os ensaios consistiram da alocação de aranhas a arenas que possuíam substrato de papel filtro com e sem aleloquímicos na mesma proporção. Para cada aranha, foi determinada a proporção da ocorrência da receptora sobre os sítios com aleloquímicos em 42 registros, um a cada 10 minutos, de 19 h às 02 h. Todos os ensaios foram realizados sob iluminação vermelha branda. Baseado na proporção média das ocorrências sobre os aleloquímicos, Trochosa sp. 1 preferiu sítios com aleloquímicos de Trochosa sp. 3 quando era menor/faminta e maior/saciada, enquanto que Trochosa sp. 3 preferiu os sítios contendo aleloquímicos de Trochosa sp. 1 em quase todas as condições, exceto quando era maior/saciada. Para ambas, não houve evasão. A assimetria de tamanho e o estado alimentar influenciaram no comportamento de preferência de sítios por estímulos químicos em Trochosa sp. 1, mas não em Trochosa sp. 3. Trochosa sp. 1 discriminou o tamanho relativo de Trochosa sp. 3 a partir da detecção de seus aleloquímicos. Em estado de fome, Trochosa sp. 1 preferiu sítios que continham aleloquímicos de aranhas maiores, desconsiderando o risco de predação, o que não ocorreu quando estava saciada. Acreditamos que a diferença de resposta comportamental fruto da detecção de aleloquímicos entre Trochosa sp. 1 e Trochosa sp. 3 seja resultado de uma distinta pressão de predação entre elas, advinda da diferença de porte entre as morfoespécies. Pelo nosso conhecimento, este é o primeiro registro de percepção quimiotáctil interespecífica para aranhas-lobo de clima tropical.